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Este menino de Allepo conta-nos, sem falar, o que é a guerra na Síria

Uma criança síria de 5 anos, de rosto ensanguentado, corpo coberto de pó, aguarda sentado, numa ambulância. Estão em curso as missões de resgate, que lhe ‘devolveram’ a vida, mas não retiraram o trauma.

O vídeo, perturbador, tornou-se viral. São imagens que provocam transtorno e que espelham a realidade na Síria, enquanto nos divertimos com os Jogos Olímpicos.

A guerra da Síria já se banalizou. Os ataques reiterados transformam o ataque seguinte numa fatalidade, tão previsível que nem desperta o interessa mediático.

Para pôr fim à previsibilidade, surge um vídeo, que tem como personagem um menino sírio, silencioso, que sem palavras nos conta tudo. E nos faz perguntar: se somos tão sensíveis aos ataques terroristas que ocorrem na Europa, porque permitimos que a esfera mediática quase ignore este drama na Síria?

Este menino não tem nome, não tem passado, não quer este presente. Resta-lhe um futuro. E o vídeo do seu sofrimento pode ser, por paradoxal que pareça, a sua salvação.

Esta imagem, criada a partir de um vídeo publicado no YouTube pela Aleppo Media Center, toca até o mais insensível dos insensíveis.

Ele está sentado, coberto de sangue e de pó. Está triste e não tem uma única lágrima no rosto. Não chora, certamente por esgotamento de lágrimas. Sofre, porque em palcos de guerra o sofrimento faz parte do acordar, do deitar, do sono em pesadelo.

É curioso que o silêncio deste menino de 5 anos fez mais do que as palavras que relatam o óbvio: esta é a realidade de milhares de crianças sírias, milhares de adultos, milhares de idosos, que sonham ser resgatados do pesadelo.

O vídeo surge após mais um ataque, nesta quarta-feira à noite, na cidade de Aleppo, a destruída cidade de Aleppo, onde rebentam bombas enquanto o mundo se diverte, com os ultramediatizados Jogos Olímpicos.

A guerra na Síria perdura, desde 2011. Está longe do fim. Este olhar no horizonte é infinito. A guerra síria também não tem fim.

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