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Médicos do Mundo apoia refugiados chegados a Portugal

refugiados paradeiro desconhecidoA delegação portuguesa da Médicos do Mundo está a assegurar consultas gratuitas aos refugiados que chegaram a Portugal. Rastreios e cuidados de saúde serão fornecidos, ao abrigo de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa.

Através da sua rede internacional, e no âmbito da cimeira União Europeia-Turquia, que se inicia hoje, a Médicos do Mundo (MdM) denuncia a ausência de resposta política e pede uma reacção coletiva para a pior crise humanitária desde a II Guerra Mundial.

A delegação portuguesa da MdM está a participar na prestação de cuidados de saúde no Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados (CATR), no âmbito do Programa Municipal de Acolhimento de Refugiados (PMAR LX) da Câmara de Lisboa. Um apoio de continuidade que assegura acompanhamento médico e de enfermagem uma vez por semana e sempre que cheguem novos refugiados a Portugal.

O trabalho da associação é coordenado pela médica especialista em Saúde Pública Maria de Fátima Dias, que é também voluntária da Médicos do Mundo.

“A delegação portuguesa da Médicos do Mundo tem acompanhado com preocupação a questão dos refugiados na Europa e no Mundo e apoia veemente as posições da Rede Internacional da Médicos do Mundo sobre esta catástrofe humanitária. Daí que desde a primeira hora tenha integrado a Plataforma de Apoio aos Refugiados e PMAR LX da Câmara de Lisboa”, explica Fernando Vasco, vice-presidente da Delegação Portuguesa da Médicos do Mundo.

“Consequentemente, e dentro das suas possibilidades, a Médicos do Mundo está a mobilizar recursos médicos, de enfermagem e outros para apoiar os refugiados que a partir de hoje cheguem a Portugal. Serão realizadas avaliações do estado de saúde de cada pessoa que nos chegue e sempre que necessário serão prestados os primeiros cuidados médicos e, nas situações mais complicadas, far-se-á o encaminhamento para estruturas do SNS”, acrescenta Fernando Vasco.

Falta de resposta política

Através da sua rede internacional a Médicos do Mundo denunciou hoje a falta de resposta política por parte dos Estados europeus e pede uma reação coletiva para a pior crise humanitária na Europa desde a II Guerra Mundial.

Milhares de pessoas fogem aos conflitos e extrema pobreza nos seus países, assistindo-se a um verdadeiro êxodo de famílias inteiras: na Grécia, 60 por cento dos doentes assistidos pelas equipas da Médicos do Mundo são crianças e, em Calais, 300 menores esperam acolhimento e proteção.

Desde o encerramento das fronteiras que a solidariedade europeia foi fortemente posta à prova. As respostas de cada país são desordenadas e desprovidas de visão a longo prazo.

A rede internacional da Médicos do Mundo está presente ao longo de todo o percurso dos migrantes e constata a clara degradação da situação humanitária:

– 12 mil pessoas encontram-se atualmente bloqueadas em Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedónia, em preocupantes condições sanitárias e de segurança. As equipas da Médicos do Mundo têm identificado patologias dermatológicas, gastroenterites e infeções respiratórias.

– Mais de 25 mil pessoas estão bloqueadas em Atenas, cidade já atingida por mais de sete anos de crise económica e social.

– Por todo o lado a população grega apoia as equipas da Médicos do Mundo e de outras organizações presentes no terreno que tentam aliviar o sofrimento e proteger os mais vulneráveis.

– A 2000 quilómetros de distância, em França, teve início o desmantelamento do bairro de lata de Calais e as soluções de realojamento, propostas de forma precipitada, não correspondem à diversidade dos migrantes.

De acordo com Françoise Sivignon, presidente da Rede Internacional da Médicos do Mundo, “a situação sanitária e humanitária degrada-se rapidamente, em particular entre as pessoas mais vulneráveis, mulheres e crianças, expostas a maiores riscos de violência e abusos. Enquanto a Grécia mostra a sua solidariedade e acolhe os exilados como pode, a França desmantela e outros países constroem muros. Confiamos nas capacidades da Europa em criar um espaço solidário”.

A Médicos do Mundo

A Médicos do Mundo é uma Organização Não Governamental e sem fins lucrativos, de caráter independente, que desenvolve projetos de cooperação para o desenvolvimento em saúde e ajuda humanitária em todo o mundo, prestando cuidados de saúde a populações vulneráveis.

Uma das principais caraterísticas da Médicos do Mundo é a sua rede de parceiros, que permite uma proximidade local grande na prestação de cuidados gratuitos de saúde. Os projetos têm também o objetivo de capacitação e educação para a saúde das populações dos territórios em que atua. Para além dos projetos, a organização atua também na área de advocacy, trabalhando para a consciencialização da opinião pública para as injustiças sociais.

A Médicos do Mundo é hoje uma organização de referência na área do desenvolvimento e ajuda humanitária, com mais de 36 anos de existência, presente em 82 países e com 355 projetos. A delegação portuguesa, fundada em 1999, tem oito projetos em Portugal que melhoram a vida a cerca de 5000 pessoas por ano.

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