“Analisando os números de 2012, estava na cara [que estas previsões seriam um facto]. É uma bomba. O Governo foi otimista nas previsões. E agora?”, questiona o comentador.
E encontra a resposta. “O Governo tem dois caminhos”, diz Marcelo. Um “é disfarçar e reconhecer ao de leve, que é a tentação de Gaspar e Passos”. Outra é “admitir o erro”.
Marcelo entende que por uma questão de “honestidade intelectual”, Passos Coelho e Vítor Gaspar “só têm um rumo”, que é assumir que falharam.
“Persistir na atual solução é suicida. Há que mudar de discurso, explicando que precisamos de mais um ano para o défice”, enfatiza Marcelo, que entende também que esta mensagem deve ser transmitida à troika, que tem responsabilidade no programa de ajustamento das contas públicas, que não está a atingir as metas definidas.
Este cenário coloca Passos Coelho na linha do que é defendido pelo principal líder da oposição, António José Seguro, secretário-geral do PS. E vai também de encontro ao que Cavalo Silva, Presidente da República, defendeu, quando falou em “espiral recessiva”.
Marcelo entende que o Governo não consegue passar por entre as gotas da chuva e sai “fragilíssimo”, depois desta previsão que consuma um erro de governação, de acordo com a teoria de Marcelo Rebelo de Sousa.
E perante este cenário político, mais difícil se torna a situação de Passos Coelho, numa antevisão das eleições legislativas. “Ganhar as eleições de 2015 é um milagre”, sustenta o professor, que vai mais longe. Se o Governo não mudar de políticas, vencer o ato eleitoral “será um milagre impossível”.
Resta, em nome dos interesses de Portugal e dos próprios partidos que formam a maioria, “recuar”, sem “ continuar a negar evidências”, sob pena de Passos, Portas, PSD e CDS-PP caírem com Portugal “num precipício”. Em termos eleitorais, as próximas autárquicas, ainda em 2013, podem ser o primeiro sinal da queda de Passos.