O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) disse hoje, depois de votar, que espera uma “viragem de página” e saudou a recente apreensão de 800 quilos de cocaína, sinal de que é preciso “resgatar o país” do tráfico.
Domingos Simões Pereira afirmou sentir-se feliz por ter exercido o seu direito de voto, mas salientou que estas eleições “são mais que um cumprimento de dever cívico” por representarem “um momento de viragem” para que, na Guiné-Bissau, “o império da lei vingue”.
No sábado, a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau apreendeu 789 quilos de cocaína, dissimuladas num camião, a maior apreensão deste tipo na história do país.
Os traficantes terão tentado aproveitar o fim de semana de eleições, com as autoridades concentradas no apoio ao ato eleitoral, para tentar levar a droga para fora do país.
Por isso, o trabalho da Judiciária “não é só simbólico como é demonstrativo do grau de urgência de que é resgatar o pais e impor a lei e o respeito da dignidade”.
Todo o guineense, disse Domingos Simões Pereira, sente uma “mistura de vergonha e de raiva” com esta apreensão, porque “99 por cento” da população “nunca viu droga e vê o seu nome continuamente associado a questões dessa natureza”.
Com as eleições de hoje, “temos a oportunidade de acabar de uma vez por todas” com esse problema, disse o dirigente do PAIGC, que enalteceu a adesão do povo guineense ao processo eleitoral e a resposta dada perante as propostas apresentadas pelo seu partido, para “um percurso que honre” o país.
Pereira disse acreditar “plenamente na vitória” do PAIGC e apelou para que todos os guineenses se empenhem “para tirar o país do lamaçal” que disse ser a Guiné-Bissau.
Domingos Simões Pereira votou no bairro de Lunda, arredores de Bissau.
A Guiné-Bissau tem sido assolada por várias crises políticas e chegou a ser considerado um “narco-Estado” depois de vários militares terem sido referenciados como cúmplices na receção de droga da América Latina.
Em 2015, Domingos Simões Pereira foi demitido pelo Presidente, José Mário Vaz, apesar de o PAIGC ter maioria absoluta no parlamento. Desde então, o país tem vivido numa permanente crise política que tenta resolver com as eleições de hoje, uma imposição da comunidade internacional.