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“Juntar PSD e Chega é naufrágio anunciado”, avisa Marques Mendes

O analista político Marques Mendes, antigo presidente do PSD, avisou que se está a formar uma “tempestade perfeita” em Portugal, dado que o ciclo político aberto com as presidenciais de 24 de janeiro chega marcado pelo “risco da ingovernabilidade”.

O ex-ministro considera que falta à esquerda uma maioria com “um mínimo de coerência”, enquanto a direita sofre uma “pulverização partidária”, pelo que não se afigura possível a construção de “uma maioria estável e coerente” que permita “um Governo forte”.

Olhando para a direita com mais atenção, o ex-líder do PSD vê este partido a passar “de grande para médio”, em contraponto com um Chega “em preocupante ascensão meteórica”. Já o CDS encontra-se “perigosamente em estado de coma”.

No caso do PSD, Marques Mendes manifestou preocupação com a “percepção de uma potencial aliança com a direita radical”, a qual, mesmo que possibilite a formação de um Governo, não tem “coerência e solidez para poder governar e reformar”.

“Juntar PSD e Chega numa qualquer plataforma governativa é, no plano da coerência, naufrágio anunciado”, frisou o analista.

Marques Mendes defendeu que o combate à pandemia de covid-19 tem de ser feito ao mesmo tempo que a “mudança estrutural” no modelo de desenvolvimento do país, com “um programa ambicioso de crescimento e de competitividade”.

“O problema é político. A consequência é económica e social. Trocar a ordem dos factores não é boa solução”, reforçou.

O “impasse da governabilidade” só fomenta o populismo e o crescimento de “pesadelos” como “o presidencialismo”, entre outros.

“São os impasses e as suas consequências económicas e sociais que geram o descontentamento donde se alimenta o populismo. O resto é fantasia”, insistiu o ex-presidente do PSD.

No ensaio, publicado pelo Diário de Notícias, o analista apontou uma “única boa notícia”, a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.

“É a grande válvula de segurança do regime. Igual nos princípios, o Presidente terá de ser, todavia, diferente perante as novas circunstâncias da vida nacional. E diferente significa ser mais interventivo, mais liderante e mais federador, porque as circunstâncias a tal obrigam. Não é tanto uma questão de opção pessoal ou política. É muito mais uma questão de estado de necessidade”, concluiu Marques Mendes.

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