Incêndio de Doñana sem vítimas graças ao inacreditável apoio da população
Turnos de 300 pessoas revezaram-se para ajudar os bombeiros a conter o fogo de Donãna, em Espanha. Uma impressionante demonstração de solidariedade que evitou uma tragédia: o enorme fogo não fez uma única vitima.
Ao longo de mais de 60 horas, os populares foram-se revezando – aos grupos de 300 – para impedir que o incêndio passasse do Parque Nacional de Doñana, onde consumiu um conhecido parque de campismo, para a zona balnear de Matalascañas, onde mais de 50 mil pessoas faziam praia. O incêndio de Doñana esteve também a poucos quilómetros de uma das maiores refinarias de Espanha e do principal polo de exploração agrícola de toda a região de Huelva.
Dominado o fogo, as autoridades admitem “o fator humano foi fundamental”. E há números a sustentar essa afirmação.
No domingo, quando as previsões apontavam para o pior cenário (o vento chegou a atingir os 90 quilómetros por hora), o centro de controlo (nos albergues de Moguer e Almonte) começou a receber – sem parar – colchões, mantas e alimentos.
De uma aldeia próxima de Moguer chegaram vários quilos de pão. “Fizemos mais 1500 sandes em poucas horas”, revela uma voluntária, citada pelo El País.
Em Matalascañas, os habitantes abriram as portas das casas aos desconhecidos turistas, retidos devido ao corte das estradas, para que pudessem comer e tomar banho.
De Almonte chegaram batalhões de agricultores, com tratores para abrir valas e deter o avanço das chamas.
Em Mazagón, o supermercado El Jamón esteve 48 horas seguidas aberto só para permitir o abastecimento dos bombeiros.
“Nos grandes desastres, a colaboração é importantíssima. Cada um faz a sua parte e tudo se junta”, resume Mauricio Martínez Vega, um engenheiro florestal que esteve na primeira linha do combate ao incêndio de Doñana, complementado de imediato pelo colega Vera: “Foi impressionante. Entrávamos num hotel e aplaudiam-nos, os cafés convidavam-nos a comer ou beber algo. O comportamento da população foi incrível. Nunca tinha visto nada igual”.
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