Um estudo realizado no Centro Hospitalar do Baixo Vouga demonstrou que mais de metade das grávidas com hipertensão e medicadas desenvolve complicações de saúde durante o parto ou após o mesmo. A hipertensão é responsável por 16 por cento da mortalidade materna.
Os resultados, obtidos com a avaliação de 139 grávidas hipertensas, permitem concluir que, mesmo havendo um controlo da tensão, 51,5 por cento das grávidas com medicação prescrita apresentam eventos adversos no parto, puerpério ou pós-parto.
“O controlo de tensão não é suficiente para evitar complicações. A doença hiperativa na gravidez não depende apenas do controlo tensional”, explicou José Mesquita Bastos, coordenador do estudo e cardiologista do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, em declarações à Lusa.
Segundo o mesmo estudo, a hipertensão anterior à gravidez aumenta a probabilidade de outros problemas, como a diabetes gestacional: dos 12 por cento de probabilidade na gravidez normal quase duplica para os 21 por cento na gravidez com hipertensão arterial.
A hipertensão na gravidez, responsável por 16 por cento da mortalidade materna, está ainda ligada à pré-eclampsia ou eclâmpsia, que pode mesmo levar a mulher à morte.
Com base nos resultados, José Mesquita Bastos alertou também para a importância de se fazer a medição da tensão arterial durante 24 horas (a MAPA – monitorização ambulatória da pressão arterial), nomeadamente para detetar falsas hipertensas.
“O mapa é muito importante”, insistiu o médico, lembrando que muitas mulheres apresentam hipertensão em ambiente de consulta, numa reação de alerta, que não se revela se for medida durante 24 horas: “Se formos medir a tensão por esse aparelho podemos ter a surpresa de 30 por cento não serem hipertensas”.
Medicar uma falsa hipertensa acarreta riscos, em especial devido à possibilidade de se diminuir a profusão da placenta e comprometer a alimentação do bebé.
O estudo vai ser apresentado no 10.º Congresso Português de Hipertensão, que hoje começa em Vilamoura.