“Há 40 a 50 por cento de doentes não urgentes”. Médico do São João faz apelo
A pressão nos serviços de urgência cresce tipicamente nos meses de inverno e 2022 não está a ser exceção, ainda por cima enfrentando o país uma nova vaga da pandemia de covid-19.
Nesse sentido, Nélson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão da Urgência e Medicina Intensiva do Hospital de S. João, deixa um apelo às pessoas para que procurem os serviços de urgência sempre e quando for necessário mas que, por outro lado, tenha consciência na utilização dos serviços, indicando que em certos casos o indicado é recorrer à linha SNS24 antes de se deslocarem às unidades hospitalares.
“Continuamos com níveis de procura muitíssimo elevados”, explicou o médico, falando da situação dos doentes que não têm um diagnóstico urgente.
“Temos um problema estrutural, um problema cultural que se arrasta há muitos anos”, referiu Nélson Pereira, em declarações na RTP, destacando que é preciso dizer à população o que fazer.
“Naturalmente, e temos de dizê-lo que sempre que temos, como temos atualmente na esmagadora maioria dos hospitais em Portugal, 40 a 50 por cento de doentes que não são urgentes, obviamente que a presença destes doentes que não são urgentes coloca em risco os doentes urgentes”, comentou o médico.
“Presença destes doentes que não são urgentes coloca em risco os doentes urgentes”
Este responsável por uma das unidades hospitalares centrais do Norte, referiu ainda que “a estrutura, a organização e os recursos humanos estão a concorrer para o tratamento de todos estes doentes” e “não é possível dar a mesma atenção com a mesma qualidade a 500 ou a 600 doentes por dia, como seria se estivéssemos a dar essa atenção apenas a 350 ou 400”.
Para o diretor da Unidade Autónoma de Gestão da Urgência e Medicina Intensiva do Hospital de S. João este “seria um número para o qual a estrutura é adequada”.
No canal público e em relação ao combate à pandemia, o médico apelou ainda à vacinação, dizendo que “a vacina continua a ser a melhor estratégia”.
