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Fome afeta 842 milhões de pessoas enquanto o mundo desperdiça um terço da comida

fome210fome bigUm terço dos alimentos produzidos vai para o lixo, divulga a ONU ao evocar o Dia Mundial da Alimentação. Apenas “um quarto” desse desperdício seria o suficiente para “alimentar 842 milhões de pessoas famintas em todo o mundo”.

Hoje, em Roma, almoçou-se lixo. Na sede da agência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Itália, as refeições foram confecionadas com produtos cujo destino é habitualmente o lixo. Nas contas das Nações Unidas, um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo é desperdiçado enquanto 842 milhões de pessoas estão cronicamente privadas das quantidades mínimas de alimentos.

A agência da ONU, ao evocar hoje o Dia Mundial da Alimentação, salienta que o desperdício alimentar – 1,3 mil milhões de toneladas de produtos por ano – equivale a 750 mil milhões de dólares, valor que não ajuda a alimentar nem combate a fome. “Com um quarto destas quantidades, é possível alimentar 842 milhões de pessoas famintas em todo o mundo”, garantiu Robert van Otterdijk, o responsável da FAO pelas infraestruturas rurais.

Os principais fatores do desperdício alimentar dividem-se consoante as tipologias dos países: no mundo industrializado, há um excesso de regulação, quer por motivos sanitárias, quer por questões estéticas, enquanto as sociedades em desenvolvimento necessitam de mais e melhores capacidades de armazenamento e de acesso ao mercado.

Segundo os técnicos, a produção alimentar tem de ser aumentada em 60 por cento, o que se afigura um desafio gigantesco: a população continua a aumentar enquanto os recursos do planeta estão cada vez mais explorados e sobrecarregados. “Os modelos insustentáveis de desenvolvimento degradam o meio ambiente, ameaçando os ecossistemas e a biodiversidade que serão necessários para o abastecimento futuro de alimentos”, explicou a FAO, num comunicado hoje emitido.

Os responsáveis do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU, que fornece ajuda de emergência a 80 países, aproveitaram a efeméride para destacar a necessidade, urgente, de reforçar a nutrição especializada para as crianças e as mães, sendo vital “focar esta atenção nos primeiros mil dias de vida”.

“Se a comunidade internacional investir 1,2 milhões de dólares por ano durante cinco anos para reduzir as deficiências de micronutrientes, a diminuição da mortalidade infantil e o impacto positivo nos ganhos futuros podem chegar a 15,3 bilhões de dólares”, realça a nota emitida pelo PAM.

A fome não foi o único problema evocado no Dia Mundial da Alimentação: a ONU apelou também ao combate contra a obesidade através da adoção de uma dieta equilibrada. Enquanto a desnutrição afeta 26 por cento das crianças, há 1,4 biliões de pessoas com excesso de peso.

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