Ferro Rodrigues diz que palavras de Ventura merecem “veemente condenação”
Presidente da Assembleia da República emite uma nota onde condena com veemência as palavras de André Ventura, que sugeriu a “devolução” de Joacine Katar Moreira ao seu país. Ferro Rodrigues defende que “o ódio não pode ser arma na política”.
O caso suscitado pelo deputado André Ventura, deputado que sugeriu que a parlamentar do Livre fosse “devolvida” ao seu país, foi comentado pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
Recorde-se que a parlamentar do Livre, Joacine Katar Moreira, defendera que o património das ex-colónias fosse devolvido às comunidades de origem.
André Ventura respondeu no Facebook: “Eu proponho que a própria deputada Joacine seja devolvida ao seu país de origem. Seria muito mais tranquilo para todos… inclusivamente para o seu partido! Mas sobretudo para Portugal!”.
Numa nota enviada à agência Lusa, nesta quinta-feira, Ferro Rodrigues considerou as palavras de André Ventura como “lamentáveis” e “xenófobas”.
“Eduardo Ferro Rodrigues, enquanto cidadão e presidente da Assembleia da República, considera lamentáveis as declarações xenófobas proferidas pelo deputado do Chega sobre a deputada Joacine Katar Moreira. São afirmações que merecem a mais veemente condenação”, escreveu a segunda figura do Estado.
“O ódio não pode ser arma na política”, assinala Ferro Rodrigues, garantindo que “não o será na Assembleia da República, órgão de soberania que é fiel aos valores da democracia e da tolerância”.
Esta não é a primeira reação negativa às palavras do deputado do Chega: o PS a avançou com um voto de condenação e a ministra da Justiça considerou que André Ventura adotou um discurso xenófobo.
“Não podia não deixar aqui uma nota de condenação para o discurso xenófobo que começou a invadir os nossos espaços institucionais e que chegou ao parlamento, com uma declaração feita ontem [terça-feira] e que atingiu a deputada [do Livre] Joacine Katar Moreira”, afirmou Francisca Van Dunem, no início do seu discurso na Conferência 2020 Interseccional “Encarceramento e Sociedade”, em Coimbra.
Instado pela TSF a comentar as suas próprias palavras, Ventura manteve o que disse: “Aparentemente, a senhora deputada Joacine perde todo o seu tempo como parlamentar não a defender os portugueses que representa, ou Portugal, que também representa, mas a defender interesses estrangeiros. Está permanentemente a atacar a nossa história e a defender interesses estrangeiros”.
André Ventura reitera a ideia: “Quando é assim, mais vale ir embora. Quem não gosta de Portugal, quem não quer amar esta História e este país, não pode ser, na minha opinião, representante político dos portugueses”.
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