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Programa cautelar sim, novo resgate não, reforma do Estado por fazer, diz Ferreira Leite

manuela ferreira leiteSegundo a antiga ministra Manuela Ferreira Leite, o programa cautelar é uma fatalidade. “Se eu estiver dois anos com as pernas engessadas, não começarei a andar sem muletas”, disse ontem a social-democrata, no programa da TVI24, Política Mesmo.

Portugal não vai escapar ao programa cautelar, considerado como “uma muleta”, depois da intervenção da troika. A antiga ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, defendeu, no comentário semanal que faz na TVI24, que esse programa é uma certeza.

“Não é normal que alguém pense que não teremos de passar por um programa cautelar. É verdadeiramente irrealista. Se eu estiver dois anos com as pernas engessadas, não começarei a andar sem muletas”, afirmou a antiga titular da pasta das Finanças, que exerceu o cargo no executivo liderado por Durão Barroso.

Manuela Ferreira Leite comentava o facto de António Pires de Lima, ministro da Economia, ter afirmado à Reuters que o Governo estaria a delinear os princípios desse programa cautelar, em negociações com Bruxelas. No entanto, Pires de Lima corrigiu as suas palavras, afirmando que o Governo está “coeso” no objetivo de concluir o programa de resgate.

Ferreira Leite entende que o PS não pode ficar de fora desta negociação do programa cautelar, uma vez que é um dos três partidos do arco da governabilidade que assinaram o memorando de entendimento.

“Este é um tema que, ou tem acordo dos partidos do arco do poder, ou é evidente que não há nenhum Governo que o faça numa legislatura, ou a meio de uma legislatura”, salientou a antiga ministra.

Mas se este programa é uma fatalidade, o mesmo não se pode dizer em relação a um segundo resgate – recorde-se que o Goldman Sachs defendeu que Portugal irá precisar de novo resgate financeiro. Manuela Ferreira Leite tem uma visão diferente e acredita que “não se vai verificar” um novo resgate da troika.

Com ou sem segundo resgate, certo é que o programa cautelar não irá libertar o País de medidas de austeridade. De todo o modo, Manuela Ferreira Leite espera que o Governo não continue a fazer cortes cegos: “Muitas das medidas têm sido tomadas de forma cega, como os cortes em salários ou reduções de determinado tipo de despesa”. Ferreira Leite sustenta que estes cortes “são exatamente contrários à lógica de uma reforma do Estado”.

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