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Eduardo Souto de Moura distinguido com o Prémio Secil de Arquitetura

O Prémio Secil de Arquitetura foi para Eduardo Souto de Moura, pela Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais. O júri deu grande ênfase à forma como o arquiteto portuense conseguiu harmonizar a construção do edifício e o jardim envolvente.

“O edifício foi pensado tendo em conta os elementos fundamentais já existentes: o terreno e as árvores”, pode ler-se no comunicado do júri. “As duas estruturas piramidais, que se destacam na obra, são inspiradas num pormenor de uma das várias casas da vila, da autoria do também arquiteto Raul Lino. A natureza envolvente ajudou a decidir o material exterior, betão pigmentado a vermelho, em contraste com o verde do bosque”, afirmou.

Por sua vez, o arquiteto diz também no comunicado que “nunca é demais contrapor a realidade abstrata e totalmente artificial da arte contemporânea, com a realidade quotidiana e dura que nos rodeia”. No documento revela ainda que teve a preocupação de oferecer a cada sala uma porta para o jardim. “Para que o edifício não fosse um somatório neutro de caixas, estabeleci uma hierarquia, introduzindo duas grandes pirâmides no eixo da entrada, que são a livraria e o café”, explica.

Esta é a terceira vez que Souto de Moura vence este prémio. A primeira vez foi em 1992, com a construção da Casa das Artes, no Porto. A outra em 2004, com o Estádio Municipal de Braga, lê-se no Público.

O prémio Secil de 50 mil euros é atribuído de dois em dois anos e constitui uma referência na área da arquitetura. Este distingue obras que utilizam o material fundamental desta empresa, que é o cimento, e que ainda assim “constituam peças significativas no enriquecimento da arquitetura portuguesa”, afirmou a empresa.

Este ano, o júri foi dirigido pelo arquiteto Duarte Cabral de Mello e constituído por Nuno Brandão Costa, Siza Vieira, Diogo Seixas Lopes, Paula Silva e Luísa Marques, todos arquitetos.

Ana Vaz Milheiro, crítica de arquitetura, considera a casa das Histórias uma obra “mais arriscada e menos confortável” para Eduardo Souto de Moura e, por isso, é também “muito importante”. “Esta obra celebra, de certo modo, uma rutura no seu percurso”, explica a crítica. “Souto de Moura chegou a um momento em que começou a questionar a sua obra e todo o seu posicionamento, significando esta mesma uma viragem mais clara”, declara.

“Quando a visitamos, as divisões parecem labirínticas mas depois quando vemos a planta percebemos que o edifício é muito organizado”, explica Ana Vaz Milheiro. A importância do autor da obra, “que tem influenciado uma série de gerações” com uma linguagem muito própria, terá tido também impacto na escolha, acrescentou. “Havia obras a concurso muito interessantes mas esta é com certeza muito significativa”, finaliza.

O arquiteto português já foi também este ano escolhido para receber o prémio Pritzker 2011, conhecido como o Nobel da arquitetura. Na cerimónia de entrega deste galardão estiveram o Presidente dos EUA, Barack Obama que descreveu o arquiteto nacional como alguém que “nunca se satisfaz com soluções fáceis” e que possui “um estilo que parece tão espontâneo quanto belo”.

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