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Duarte Lima: “Vivo uma experiência demolidora, pior do que a leucemia”

duarte_lima1Duarte Lima, advogado acusado da morte de Rosalina Ribeiro, diz-se vítima de uma “encomenda” da polícia brasileira. O ex-deputado do PSD refere, em entrevista à Visão, que está a viver “uma experiência demolidora, pior do que a leucemia”, doença de que padeceu.

Duarte Lima voltou a conceder uma entrevista, desta vez à Visão, dois anos depois de ter falado à RTP. O advogado português, acusado no Brasil da morte de Rosalina Ribeiro, compara a experiência que vive com a doença que superou. Esta, segundo Duarte Lima, “é demolidora, pior do que a leucemia”.

O ex-deputado acusa a polícia brasileira de ter arquitetado o caso Rosalina, de não ter qualquer facto para assentar a acusação. E reitera a sua inocência: “Sou completamente inocente”.

O advogado português salienta que preferiu muitas vezes o silêncio por considerar que estava a ser alvo de um plano das autoridades do Brasil, que agem “por encomenda”. E só por isso Duarte Lima se manteve calado. Nas poucas entrevistas que concedeu desde que o processo teve início, há um denominador comum: manifestou sempre a sua inocência.

Por considerar que todas as declarações que proferisse pudessem ser usadas contra si, Duarte Lima preferiu o silêncio. Segundo Duarte Lima, esta acusação da morte de Rosalina Ribeiro e do caso BPN é pior do que uma leucemia porque “esta doença não deixa estigmas”, ao contrário de uma acusação de homicídio ou de burla.

Recorde-se que Duarte Lima está sob detenção, desde o passado dia 18 de maio, em resultado de investigações da ‘Operação Monte Branco’, que envolve o Banco Português de Negócios. Nesta entrevista à Visão, não abordou esse tema, que está em segredo de Justiça. Duarte Lima está em prisão domiciliária e tem uma pulseira eletrónica.

No Brasil, é acusado da morte de Rosalina Ribeiro, mulher de Thomé Feteira, num processo que, segundo a filha do milionário, envolve burlas relacionadas com a herança. Duarte Lima era advogado de Rosalina.

Depoimento por escrito

Recentemente, o advogado português prestou também declarações por escrito à RTP, no âmbito de um trabalho jornalístico que a televisão pública realizou. Foram colocadas questões à defesa, mas Duarte Lima preferiu responder pelo seu punho, por escrito.

O advogado reiterou críticas às autoridades brasileiras e reveloiu o seu sentimento: estava condenado mesmo antes de se concluir o processo. Falou em “investigação por encomenda” e “factos por medida”, que visavam apenas a sua condenação.

Duarte Lima sustentou, desse modo, que a Justiça brasileira estava “pouco preocupada” com a descoberta da verdade. O principal suspeito da morte de Rosalina Ribeiro (segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro) faz uma acusação velada a Olímpia Feteira, filha de Thomé Feteira. Sem precisar nomes, aponta que havia “interessados evidentes em Portugal” na morte de Rosalina.

Mas as acusações aos investigadores brasileiros prosseguem: Duarte Lima considera que foi montado “um circo mediático” que teve como objetivo condená-lo. Lamentou “fugas de informação” sucessivas, para órgãos de informação que acompanharam o caso de perto, suscitando, na opinião pública, a ideia de que o culpado do crime estava encontrado.

O português recorda ainda um episódio ocorrido em 2009: um advogado tentou que Duarte Lima convencesse Rosalina a “negociar um acordo”, sob pena de, caso essa renegociação não ocorresse, a vida de Duarte Lima “seria transformada num inferno”.

O advogado explica ainda que Rosalina Ribeiro solicitou a sua presença no Brasil. E essa “não foi a única” vez que o pedia. “Como seu advogado, competia-me sempre corresponder”, sustentou Duarte Lima, que considera “bizarro” nunca ter sido ouvido pela polícia: “Em Portugal, não é possível ser constituído arguido – muito menos acusado – sem ser ouvido”.

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