“Devia haver subsídio de desemprego para ex-deputados”, diz ex-deputada Inês de Medeiros
Inês de Medeiros preside à Câmara Municipal de Almada, depois de ter passado pela Assembleia da República, em 2009, na altura da sua entrada no mundo da política a convite de José Sócrates. Agora, a autarca vem a público defender que “devia haver um subsídio de desemprego para ex-deputados”.
Conhecida do público pela carreira de atriz, Inês de Medeiros foi desafiada por José Sócrates para concorrer nas listas socialistas, em 2009, e acabou por ser eleita deputada, função que assume ter gostado.
Agora, Inês de Medeiros passou para a política autárquica mas deixa reparos ao pensamento público sobre o trabalho dos parlamentares.
“Os deputados têm que dar o exemplo, mas há uma desvalorização permanente do que é o trabalho parlamentar e isso é muito perigoso”, salientou a autarca.
E foi no seguimento dessa linha de raciocínio que Inês de Medeiros, na entrevista ao Público e à Renascença, abordou o tema da exclusividade, ou não, que um deputado deverá ter durante, conseguindo conciliar, ou não, a sua carreira profissional com o desempenho de funções políticas.
“Há que ser claro: quer-se ou não um regime de exclusividade; que garantias se dá aos deputados? A desvalorização da passagem por deputado faz com que haja deputados que deixam de ser deputados e não têm direito a nada, nem sequer a um fundo de desemprego.”
Na entrevista ao Público e à Renascença, Inês de Medeiros mostra-se “preocupada” com o que se segue na vida de quem deixa de ser deputado.
“Quem interrompa a sua carreira para se dedicar à causa pública depois sai e não tem direito a nada. Acho preocupante. Isso é que pode fomentar a corrupção e o facto de os deputados terem vários empregos.”
A ex-atriz e agora autarca em Almada considera que “isto deve ser dito claramente”.
“O que é que alguém tem por se dedicar a certa altura à causa pública sem arruinar a sua vida? Estas são as questões essenciais.”
Em 2017, por altura da corrida às autárquicas, Inês de Medeiros surpreendeu ao lançar-se com uma candidatura a Almada, que acabou por presidir com apoio do PSD, embora se mostre favorável “à geringonça” que governa Portugal.