A experiência leva a especialista a adiantar que estes adolescentes abandonaram precocemente a escola e que, estando “entregues a si próprios, passam rapidamente de vítimas a infratores”. Os casos mais típicos são os jovens com “vínculos frágeis” (em especial familiares), os que fugiram de instituições de acolhimento e aqueles cujas condições de vida das famílias “se deterioraram” com “o acentuar da pobreza económica”.
Ainda não há números que confirmem a teoria, sublinhou Matilde Sirgado, mas os indícios recolhidos pelas equipas de rua ou por meio de denúncias, sobretudo em Lisboa e junto das grandes superfícies comerciais, são cada vez mais. A tendência deverá ser para um aumento destas situações, pois “a carência generalizada de meios de várias instituições” de apoio social “diminui a vigilância e o apoio que poderiam dar na prevenção” destes casos.
Os poucos dados que existem não traduzem a real dimensão do problema, com a coordenadora do programa a salientar que há muitas denúncias telefónicas, através da linha telefónica SOS Criança, que se referem ao mesmo jovem.