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Complexo angolano de Artes com carências de professores e material didático

Estudantes do Complexo das Escolas de Artes (CEARTE) de Luanda queixaram-se hoje da carência de docentes para os cursos ali ministrados e da falta de material didático, sobretudo na área das Artes Visuais e Plásticas, situação igualmente assumida pela direção.

A situação foi relatada hoje pelos estudantes do também conhecido Instituto Politécnico de Artes, tutelado pelos ministérios da Cultura e da Educação, no âmbito de uma visita que o embaixador da Coreia do Sul em Angola efetuou naquelas suas instalações no Camana.

Abigail Carla dos Santos, estudante do 3.º ano do curso de Artes Visuais e Plásticas, apresentou as carências daquela instituição de ensino médio que, desde 2015, ministra aulas de Artes Visuais e Plásticas, Dança, Música, Teatro e Cinema.

“As salas têm algumas condições, mas não temos material didático. Na música há pianos, violas e violinos, mas nas Artes Plásticas não há nada. As telas, pincéis e as tintas temos de comprar com meios próprios”, disse.

A problemática da falta de material didático no CEARTE, que este ano lança os primeiros finalistas, precisamente 62, foi igualmente manifestada por Iriana Elizabeth Francisco, do curso de Teatro e Cinema.

Segundo a estudante, existem mais condições para as aulas de Música, mas são “inexistentes” no curso de Teatro e Cinema, faltando câmaras e diversos materiais técnicos de apoio.

“No Teatro temos práticas, mas no Cinema não. Precisamos de câmaras e isto tem condicionado as aulas de Cinema”, lamentou.

Tal situação foi igualmente lamentada por Leonilda Carolina, estudante do 2.º ano de Artes Visuais e Plásticas, argumentando que os pais gastam “muito dinheiro” para ter à sua disposição o material gastável do curso.

“Usamos telas, pincéis, tintas e cadernos A3 e, infelizmente, não temos todo esse material disponível. Temos de comprar com os nossos meios”, afirmou.

O diretor administrativo do CEARTE, Nelson Augusto, assumiu as carências da única instituição escolar de ensino artístico em Angola, referindo que a falta de quadros é uma necessidade contínua.

“Temos um plano de ação com algum intercâmbio internacional com o qual temos vindo a conseguir alguns ganhos. A falta de quadros é uma necessidade contínua, sendo gradualmente apetrechado”, explicou.

Em relação à falta de material didático, o responsável apontou dificuldades para a sua aquisição, realçando que são difíceis de obter até no mercado internacional, situação que “não impossibilita a sua direção em procurar alternativas”.

“Não somos a única escola com esse problema, pois a produção de material técnico artístico didático é muito esporádica”, concluiu.

Questionado sobre o assunto, o secretário de Estado para as Indústrias Culturais de Angola, João Constantino, que também seguiu de perto a vista do diplomata coreano às instalações do CEARTE, disse que a carência de recursos humanos transcende o Ministério da Cultura.

“A questão de colmatar esta carência transcende-nos. É uma questão que deve ser vista a nível multissetorial. Estamos a avaliar esta situação com o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social e o Ministério da Educação”, disse.

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