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Como em 1964 Isaac Asimov previu que seria 2014

asimov-isaacTodos nós gostamos de fazer previsões. Seja a curto, médio ou longo prazo, (na brincadeira quando estamos rodeados de amigos ou mais a sério) a verdade é que todos nós o fazemos.

Há quem o faça a sério e o encare como uma profissão (e os tarólogos, adivinhos e afins não se safam nada mal na vida, há que dizê-lo) e quem acerte sempre mesmo estando na brincadeira.

Muito possivelmente tudo isto é uma consequência do fascínio do futuro, do desconhecido.

Mas hoje trago-vos todo um outro nível de adivinhação.

O protagonista chama-se Isaac Asimov e se o nome não lhe diz nada é sinal que anda a ler pouca ficção científica! Mas para falar do seu percurso e da sua vida e obra teremos certamente oportunidades no futuro.

Recuemos por instantes até 1964, até à Feira Mundial de Nova Iorque. Isaac Asimov foi desafiado pelo New York Times para prever como seria o mundo daí a 50 anos. Já fez as contas? Exacto 2014, claro está. E assim fez o professor de bioquímica e reputado escritor de ficção científica. Aquilo que poderia ser um mero exercício para qualquer um de nós, é algo que parece indicar que Asimov tinha poderes. Não acreditam? Então vejam bem se isto é ou não é digno de adivinho!

Na cozinha Asimov previu que os equipamentos de culinária poupariam a humanidade de fazer trabalhos entediantes. “As cozinhas estarão equipadas para fazerem sozinhas refeições completas. “Almoços e jantares serão feitos com comidas semi-preparadas. Em 2014, as cozinhas terão equipamentos capazes de preparar uma refeição individual em poucos segundos”. A linguagem não ajuda, eu sei, mas têm de admitir que só lhe faltou usar a palavra “microondas”. Ou “Bimby”. Ou o nome de qualquer outro dos robots de cozinha que todos nós conhecemos e temos nas nossas casas. Resultado? 1-0 pro Asaac!

Nas comunicações Asimov fez previsões inacreditáveis! “As ligações telefónicas terão imagem e voz. As telas serão usadas não apenas para ver pessoas, mas também para estudar documentos e fotos e ler livros”. E previu ainda que os satélites em órbita tornariam possível fazer chamadas para qualquer ponto do planeta e até mesmo “saber o clima na Antártica”.

Como se tudo isto não chegasse disse ainda que em Terra surgiriam outras soluções: “a ligação terá que ser feita em tubos de plástico, para evitar a interferência atmosférica”. Não é por nada mas eu ia jurar que ele está a falar dos smartphones, das mil e uma aplicações que temos neles e da fibra óptica! Conclusão? 2-0 para o americano.

No cinema as suas previsões foram mais sucintas. Previu que em 2014 o cinema seria apresentando em 3D, mas garantiu que algumas coisas nunca mudariam: “continuarão a existir filas de três horas para ver um filme”. Pois, aqui o tiro não foi tão certeiro. Se por um lado acertou em cheio na primeira parte (melhor do que isto só se dissesse a cor dos óculos que temos que usar para ver os filmes em 3D), errou na segunda. O cinema passa uma das maiores crises de bilheteira de sempre. Embora alguns títulos consigam atingir marcas histórias e chamar o público aos cinemas a verdade é que no geral as vendas estão bastante abaixo do que vinha sendo hábito. Ou seja, foi um golo para cada lado. 3-1 assinala o marcador neste momento.

No sector das energias Isaac acertou quando vaticinou a existência de baterias recarregáveis para alimentar muitos aparelhos eléctricos de nossa vida quotidiana. Mas oiçam bem esta parte: “Uma vez usadas, as baterias só poderão ser recolhidas por agentes autorizados pelos fabricantes”. É uma excelente ideia e na teoria é o que deveria acontecer, mas infelizmente não é uma prática generalizada. Já sabem o que vou dizer não é verdade? 4-1 para o professor de bioquímica.

E agora dizem vocês: “mas será possível que o homem acerte sempre?”. E eu respondo-vos: “tenham calma e leiam as seguintes linhas que já têm a vossa resposta!” Bom, podemos dizer que Asimov falha um golo de baliza aberta nas suas previsões relacionadas aos transportes.

Ele acreditou que em 2014 os carros e camiões pudessem já circular sem tocarem no chão ou na água, deslizando em pleno ar a uma altura de “um ou dois metros”. E que não haveria mais necessidade de construir pontes, “já que os carros seriam capazes de circular sobre as águas, mas serão desencorajados a fazer isso pelas autoridades”. Até os melhores jogadores falham um golo de quando em vez. Aqui foi claramente um desses casos. Ter carros que voem é um dos grandes sonhos do Homem, mas é com muita pena que constatamos que Asaac errou desta vez. 4-2 é o resultado actual!

Para o escritor, em 2014 o homem já teria chegado a Marte com naves espaciais não tripuladas, embora “já estivesse a ser planeada uma expedição com seres humanos e até a criação de uma colónia em território marciano”. Mais uma vez Asimov não dá hipóteses e acerta totalmente. Já começa a ser cansativo ver como ele acerta sempre, tema após tema não é? Ele marcou novamente e nós estamos a ser esmagados por um cidadão de meia idade de 1964: 5-2.

Quanto à televisão Asimov avança para a provável existência de “televisões de parede”, como se pudesse prever os ecrãs planos, mas acredita que os aparelhos serão substituídos por “cubos capazes de fazer transmissões em 3-D, visíveis de qualquer ângulo”. Se por um lado a primeira parte da previsão é certeira (6-2), a verdade é que na segunda parte ele entusiasmou-se demasiado levando a um golo da nossa equipa: 6-3 é o resultado actual!

No que diz respeito à população em geral o escritor previu que chegasse aos 6,5 mil milhões em 2014 (lembra-se de quantos somos? Exacto, já somos mais de 7 mil milhões…) e que áreas desérticas e geladas seriam ocupadas por cidades. Mas preconizou ainda a má divisão dos recursos: “Uma grande parte da humanidade não terá acesso à tecnologia existente e, embora melhor do que hoje, estará muito desfasada em relação às populações mais privilegiadas do mundo. Nesse sentido, andaremos para trás”, escreve ele. Ou seja, ele começa muito bem levando ao 7-3, depois falha redondamente dando origem ao 7-4, e acaba por marcar novamente resultando assim num 8-4. Não é por nada, mas neste ponto do “jogo” acho que nem o Eusébio nos safava…

O escritor previu o surgimento de problemas devido ao excesso de população do planeta, atribuindo a “culpa” aos avanços da medicina: “O uso de aparelhos capazes de substituir o coração e outros órgãos vai elevar a expectativa de vida, em algumas partes do planeta, a 85 anos de idade”. Parecem valores descabidos mas lembrem-se que em 1964 a esperança média de vida mundial era de apenas 52 anos enquanto que em 2012 a mesma subiu para os 70 anos de idade. Em alguns países, como Japão, Suíça e Austrália, já está em 82 anos e são cada vez mais frequentes os casos de pessoas que ultrapassam largamente os 100 anos de vida!

Temos que admitir que ele acaba por ter razão. Culpar a medicina pode parecer errado, mas a verdade é que foram os avanços da mesma que permitiram aumentar, e muito, a esperança média de vida. Já é inclusivamente possível o transplante de órgãos como o coração, entre muitos outros, logo, são mais dois golos para o americano: 10-4.

Finalmente ele debruçou-se sobre o emprego. Asimov previu uma população totalmente entediada, consequência de uma doença que “se alastrará ano após ano, aumentando de intensidade, o que terá consequências mentais, emocionais e sociais”. Como se tal não chegasse disse ainda o seguinte: “Ouso dizer que a psiquiatria será a especialidade médica mais importante em 2014. Aqueles poucos que puderem se envolver em trabalhos mais criativos formarão a elite da humanidade”. Mais uma vez ele voltou a acertar. E mesmo na recta final ele marcou dois golos, terminando de vez a partida. O resultado final é de 12-4 e nós, basicamente levámos uma abada.

Falando um pouco mais a sério, temos de admitir que é impressionante a quantidade de previsões que Asimov acertou! É certo que falhou quatro previsões, mas mesmo nessas não esteve assim tão longe quanto isso da realidade. Como conseguiu ele tamanha proeza? Também não sei. Mas que é impressionante, lá isso é…

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