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Comércio e setor automóvel “apreensivos” com impacto em Portugal

A confederação do comércio e serviços e a ACAP estão preocupadas com o impacto do Brexit em Portugal, antecipam consequências negativas, mas consideram que os efeitos de médio/longo prazo dependerão da resposta de Portugal aos desafios que surgirem.

O debate na Câmara dos Comuns sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) será retomado na quarta-feira e a Lusa falou com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e com a Associação Automóvel em Portugal (ACAP) para ouvir as suas perspetivas sobre qual será o impacto para Portugal da saída do Reino Unido da União Europeia.

O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Helder Pedro, manifesta “apreensão” em relação ao impacto que o Brexit terá sobre a indústria automóvel portuguesa.

“Uma parte da produção portuguesa tem como destino o Reino Unido e aí haverá uma apreensão em relação a eventuais tarifas que se coloquem. Além disso pode haver uma desvalorização da libra e muitos contratos anteriores, a vários anos, foram feitos com a cotação anterior, pelo que poderão surgir problemas cambiais”, referiu Helder Pedro, em declarações à Lusa.

Contudo, o responsável considera que será a “própria indústria automóvel inglesa que será mais prejudicada, uma vez que mais de 50 por cento da produção das fábricas inglesas se destina ao continente europeu, logo poderá haver uma possível deslocalização de empresas inglesas para outros países”.

A CCP também antecipa “alguns efeitos negativos diretos sobre setores” que representa, apesar de haver ainda “um grau significativo de incerteza sobre os impactos do Brexit”.

“No setor do comércio e serviços de proximidade, a diminuição do número de não residentes ingleses está já a fazer-se sentir, nomeadamente em zonas como o Algarve. Recorde-se que há um número significativo de ingleses a passar longos períodos em Portugal, sendo incerto se manterão essas permanências num quadro de desvalorização da libra e consequente perda de poder de compra”, indica a CCP à Lusa.

A CCP refere que “também alguns serviços, nomeadamente nas áreas de consultadoria poderão ser afetados pelos mesmos motivos e por outras barreiras, designadamente barreiras administrativas, que possam surgir”, e acrescenta que “o setor do transporte de mercadorias está igualmente confrontado com inúmeras dificuldades, não obstante o Plano de Ação de Contingência apresentado pela Comissão Europeia”.

A confederação refere ainda que o setor automóvel “pode vir a sofrer quebras expressivas nas exportações de veículos automóveis”.

De acordo com um estudo promovido pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal, divulgado em outubro e apresentado no parlamento em dezembro, o turismo e as exportações do setor automóvel são duas das áreas que mais podem sofrer com o Brexit em Portugal.

“Em síntese, consideramos que a saída do Reino Unido terá um impacto negativo inicial que os atrasos nas negociações claramente exponenciam, e poderá ter maiores ou menores impactos no médio/longo prazo dependendo muito da nossa capacidade como país de retomar as ligações comerciais bilaterais que mantivemos ao longo de séculos”, conclui a CCP.

O acordo de saída do Reino Unido da União Europeia será votado pelo Parlamento britânico em 15 de janeiro.

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