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China afirma que EUA querem retomar diálogo para resolver disputas comerciais

Washington convidou Pequim a retomar o diálogo, face à guerra comercial em curso entre ambos os países, anunciou hoje o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, enquanto os Estados Unidos equacionam nova ronda de taxas alfandegárias sobre produtos chineses.

O anúncio surge após as câmaras de comércio norte-americanas e da União Europeia terem revelado que as empresas dos seus países estão a ser atingidas pelas disputas comerciais.

“Nós, de facto, recebemos um convite dos EUA, e demos as boas-vindas”, confirmou o porta-voz do ministério, Geng Shuang. “As duas partes estão a abordar os detalhes relevantes”, acrescentou.

O jornal Financial Times avançou hoje que o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, quer reunir com o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He.

A última ronda de negociações entre representantes dos dois países, em 22 de agosto passado, terminou sem progressos.

Pequim tem recusado as exigências de Washington para abdicar da sua política para o setor tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos de Pequim em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Washington impôs já taxas alfandegárias, de 25 por cento, sobre 50 mil milhões de dólares (43 mil milhões de euros) de importações chinesas, e Pequim retaliou com taxas sobre o mesmo montante de bens importados dos EUA.

Mas um relatório hoje difundido por duas câmaras de comércio dos EUA revela que dois terços das empresas norte-americanas afirmaram, num questionário, terem sofrido prejuízos ou perda de lucros, devido ao aumento das taxas alfandegárias.

E mais empresas afirmam que vão sofrer, caso o Presidente norte-americano, Donald Trump, avance com nova ronda de impostos.

Trump está a equacionar impôr taxas alfandegárias sobre mais 200 mil milhões de dólares (172 mil milhões de euros) de importações oriundas do país asiático.

A China, para além de retaliar com taxas alfandegárias, tem também abrandado o processo de desalfandegamento, intensificado inspeções e outros processos burocráticos envolvendo empresas dos EUA.

“As firmas norte-americanas estão a sofrer devido às taxas retaliatórias da China e, ironicamente, devido às taxas impostas pelos EUA, que visam atingir a economia chinesa”, afirmaram, em comunicado, a Câmara do Comércio dos EUA na China e a Câmara do Comércio dos EUA em Xangai.

“Instamos ambos os governos a regressar à mesa de negociações”, lê-se na mesma nota.

William Zarit, presidente da Câmara do Comércio dos EUA na China, advertiu que a administração Trump talvez esteja a subestimar a persistência da China para retaliar.

Para evitar as taxas, 30 por cento das empresas norte-americanas estão a considerar deslocar as suas linhas de montagem para fora dos EUA ou da China, ou encontrar novos fornecedores, segundo o resultado do questionário.

Também a câmara do Comércio da União Europeia na China afirmou hoje que uma em cada seis empresas estão a adiar decisões de investimento devido às disputas comerciais.

“A guerra comercial está a causar perturbações significativas nas cadeias globais de produção”, descreveu.

A China tem retaliado a imposição de taxas alfandegárias pelos EUA ao punir o mesmo montante de bens importados daquele país. No entanto, devido ao superavit comercial chinês, aquela estratégia estará esgotada – o país asiático vende três dólares em bens aos EUA por cada um que compra.

Porém, em junho passado, Pequim ameaçou com “medidas abrangentes”, o que poderá implicar a adoção de controlos regulatórios, visando perturbar as operações de empresas norte-americanas no país.

Segundo revelou esta semana o Conselho Comercial EUA-China, as autoridades chinesas estão já a adiar a atribuição de licenças para empresas norte-americanas que querem operar no setor financeiro e outras indústrias do país.

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