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“Bombeiros saem sem ver se o incêndio está extinto”, acusa especialista norte-americano

Mark Beighley, o perito que em 2009 previu incêndios de grandes dimensões em Portugal, voltou a criticar a forma ‘amadora’ como os bombeiros atuam. “Os dispositivos movem-se prematuramente de uma primeira intervenção para outra, sem verificarem se o rescaldo está concluído e sem se assegurarem de que o incêndio está extinto”.

Citado pelo Jornal de Notícias, o antigo diretor do Gabinete de Incêndios Florestais dos EUA garantiu que as críticas apontadas no relatório que elaborou em 2009 só mudaram… para pior.

“Sem uma intervenção forte e imediata, Portugal pode esperar pior do que aquilo que aconteceu em 2017”, avisou.

A predominância da mão humana na ignição (98 por cento dos fogos em Portugal) e as táticas “problemáticas” de combate são os principais fatores apontados pelo perito, que dos 500 mil hectares que poderiam arder num só ano, uma previsão feita no relatório de 2009, passou agora para uma previsão de 750 mil hectares.

Os bombeiros, que era suposto serem o primeiro travão a este cenário, acabam por ser os protagonistas do mesmo.

Mark Beighley condenou, primeiro, que em Portugal se mantenha “a cultura do bombeiro voluntário”, em especial usando “só mangueiras e água” e ficando de preferência “na estrada”.

“Na maioria dos casos, os fogos não podem ser completamente extintos só com água”, insistiu.

Em segundo, lembrou que o excesso de reacendimentos “obriga os dispositivos a moverem-se prematuramente de uma primeira intervenção para outra, sem verificarem se o rescaldo está concluído e sem se assegurarem de que o incêndio está extinto”.

A isto acresce, continuou, os trabalhos “desprestigiantes” que alguns bombeiros evitam, como remexer a terra em profundidade (pelo menos 25 centímetros) para prevenir reacendimentos.

Em relação às autoridades, o especialista criticou a falta de resposta ao nível de centrais de biomassa e a inexistência de uma linha para denúncia de comportamentos incendiários, como queimadas ilegais.

Mark Beighley apresenta hoje, em Lisboa, um novo relatório sobre os incêndios florestais em Portugal, em coautoria com o professor Albert Hyde.

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