O antigo líder palestiniano Yasser Arafat terá morrido por envenenamento. Cientistas suíços descobriram vestígios de polónio 210 nas roupas com o antigo guerrilheiro foi sepultado. Só a autópsia, que nunca foi feita, poderia esclarecer a verdade, refere o artigo da The Lancet.
Um grupo de cientistas suíços não tem dúvidas: Yasser Arafat foi envenenado. A certeza só não é absoluta porque, como referem num artigo publicado na revista The Lancet, só a autópsia podia fornecer tal precisão. Contudo, os mesmos investigadores encontraram vestígios de polónio 210 (um material radioativo) nas roupas e utensílios usados pelo antigo líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
“Algumas amostras que continham vestígios de fluidos (sangue e urina) continham presença elevada de polónio 210, comparando com as amostras de referência. Estas descobertas defendem a possibilidade de envenenamento de Arafat com polónio 210”, salienta o relatório, cujo resumo foi publicado na mesma revista.
As 38 amostras analisadas foram retiradas de artigos fornecidos por Suha Arafat, como roupa interior e a escova de dentes, mas foi a viúva do antigo guerrilheiro palestiniano que recusou a autópsia, depois de Arafat morrer a 11 de novembro de 2004, com 75 anos.
A causa de morte nunca foi apurada pela falta de autópsia, mas o assassinato de Alexander Litvninenko (um antigo espião soviético), em 2006, abriu a possibilidade de Arafat também ter sido envenenado. As investigações foram conduzidas por uma equipa de oito cientistas, separados por três países (França, Suíça e Rússia), que realizaram testes radiológicos às amostras.
Os níveis de polónio 210, medidos na unidade de radioatividade milibecquerel (mBq), encontrados nos artigos de Arafat “são compatíveis com a ingestão letal de vários GBq”. A teoria de envenenamento é reforçada com os sintomas que o antigo líder palestiniano apresentou à data da morte, como náuseas, vómitos, fadiga e dores abdominais.
“Após ser ingerido, o polónio 210 é eliminado parcialmente através das fezes mas a síndrome gastrointestinal, associada à falha de funcionamento de vários órgãos, pode ser a causa de morte”, referem os cientistas, ressalvando que só a autópsia poderia garantir a 100 por cento a causa da morte.
“A autópsia podia ter sido útil neste caso porque, apesar do envenenamento por polónio não ter sido detetado na altura, amostras dos restos mortais poderiam ter sido guardadas para testes posteriores”, insistiram os investigadores suíços, ressalvando que Arafat não apresentou queda de cabelo, um sintoma típico da exposição à radiação.