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Antigo governador defende integração das quatro comunidades que vivem na região

O primeiro governador de Macau depois do 25 de Abril defendeu hoje que é preciso fazer a integração das quatro comunidades que vivem naquele território, que esta semana celebra 20 anos como Região Administrativa Especial (RAEM) chinesa.

Em entrevista à agência Lusa a propósito do 20.º aniversário da transferência da administração de Macau de Portugal para a China, em 20 de dezembro, o general Garcia Leandro afirmou que o território “tem quatro comunidades que são etnicamente, socialmente e culturalmente diferentes”.

“São os macaenses, ou seja, os portugueses de Macau, são os portugueses da Europa, são os chineses de Macau e são os chineses do continente. O que interessava era criar uma identidade própria com esta gente toda”, declarou.

Segundo o general que governou Macau entre 1974 e 1979, já existe entendimento entre os chineses de Macau e os portugueses de Macau: “Existe entendimento, sempre viveram ali em conjunto”.

Já quanto aos chineses que vêm do continente, “têm vivido num mundo fechado” e têm “alguma incompreensão” em perceber a realidade de Macau.

“Eles não têm, como os chineses de Macau, um conhecimento do passado histórico, da relação social que havia, porque há muitos casamentos mistos e muitas ligações, mesmo sem ser através do casamento, há muitas ligações mistas”, notou.

Garcia Leandro preside desde 2016 à Fundação Jorge Álvares (nome do português que foi o primeiro europeu a chegar à China, por via marítima, no século XVI) que se destina a apoiar o centro cultural de Macau, como forma de perpetuar a memória dos 500 anos de Portugal naquela região.

Relativamente a Portugal, o general destacou que a China tomou nos últimos tempos “atitudes muito significativas”.

Uma foi ter proposto em 2005 que o centro histórico de Macau fosse classificado património mundial da humanidade pela UNESCO, o que aconteceu em 2006. Outra, em 2003, foi a criação do Fórum Macau e, em 2005, a parceria estratégica com Portugal.

“O Fórum Macau é [no fundo] as relações da China com os países de língua portuguesa que têm como base Macau. E ali existe um representante de cada um dos países, tipo cônsul ou embaixador que está ali a trabalhar, além de fazer encontros de advogados, de empresários, de estudantes”, descreveu.

Portanto, “esta relação com a China nunca deve ser desperdiçada”, defendeu.

“Deve ser aproveitada sabendo nós defender os nossos interesses, porque os chineses também defendem os seus interesses e a relação connosco é não só histórica, mas também é uma relação de interesses, também nos países de língua portuguesa como é evidente”, disse.

O Presidente da China e líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jiping, visitará Macau entre 18 e 20 de dezembro, para participar nas comemorações dos 20 anos da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e na cerimónia de inauguração do respetivo quinto Governo.

Portugal será representado pelo cônsul-geral de Portugal na RAEM, Paulo Cunha-Alves.

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