Economia

Angola vai ter uma recessão económica de cerca de 4 por cento este ano

O departamento de estudos económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) antecipa que a recessão em Angola deve rondar os 4 por cento este ano e que só em 2019 a economia deve estagnar ou recuperar ligeiramente.

“2018 está a ser um ano de declínio económico duro, de 6 por cento no primeiro semestre, e olhando para as exportações petrolíferas programadas até final do ano, o PIB petrolífero deverá cair 8 a 9 por cento este ano, e o PIB não petrolífero já caiu 5 por cento nos primeiros seis meses; um aumento da produção da economia não petrolífera no segundo semestre acima da média, mas alcançável, ainda assim faria com que o PIB caísse cerca de 4 por cento no conjunto do ano”, escrevem os analistas.

De acordo com uma análise à presidência de João Lourenço e às perspetivas económicas do país, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas liderados por José Miguel Cerdeira escrevem que “a principal conclusão do primeiro ano de mandato é que, apesar de um cenário muito desafiante, o Governo de João Lourenço teve um desempenho relativamente bom até agora, ao mesmo tempo que embarcava numa viagem reformista”.

No entanto, acrescentam logo a seguir, “as perspetivas sobre a produção petrolífera no futuro mostram uma estrada difícil, enquanto um esforço continuado para mudar o ambiente económico é muito necessário”.

João Lourenço assumiu a presidência de Angola no final de setembro do ano passado, depois de uma queda do PIB de 2,5 por cento em 2016, tendo tido uma ligeira quebra de 0,15 por cento no ano passado, que resultou de uma “aceleração na economia não petrolífera, que cresceu 3,1 por cento.

Este ano, no entanto, o panorama agravou-se, tendo a economia angolano registado uma recessão de 6 por cento no primeiro semestre, motivada pela quebra de 8 a 9 por cento no PIB não petrolífero e uma contração de 5 por cento na economia não petrolífera, dizem os analistas, vincando que, assim, “uma recessão pior que a de 2016 é altamente provável”.

Na análise do BFA, 2019 será o ano de viragem, em que a economia “deverá começar a recuperar, embora não seja ainda clara a força da recuperação; é certo que, com a entrada de novos poços de petróleo em exploração, a economia petrolífera certamente não cairá tanto como em 2018”, sendo até possível, mas não provável, um aumento da produção no próximo ano.

“O futuro a muito curto prazo é sombrio, particularmente levando em linha de conta que as taxas de crescimento real podem muito bem continuar abaixo do crescimento da população no futuro, e até no médio prazo a economia petrolífera não vai sustentar o crescimento, e a diversificação precisa de ser uma realidade o mais cedo possível”, dizem, acrescentando que “o processo de reformas, que começou num ritmo muito saudável e surpreendente, deverá ser mantido no âmbito de um acordo com o FMI”.

No entanto, concluem, “há várias questões ainda em aberto, e a estrada vai ser difícil para este Governo”.

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