Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, considera que há “um julgamento na praça pública” e pergunta como é que as buscas domiciliárias a três ex-ministros de Sócrates – no âmbito da investigação às Parcerias Público-Privadas – foram parar aos meios de comunicação social. “Há demasiada política na Justiça e demasiada Justiça na política”, lamenta Rio.
O autarca social-democrata Rui Rio discorda da mediatização das buscas domiciliárias feitas pela Polícia Judiciária a ex-ministros de José Sócrates, questionando o modo como essa diligência judicial acabou por chegar aos meios de comunicação social.
“Como é que os jornais souberam que foram feitas buscas?”, pergunta Rui Rio, acrescentando que “um julgamento na praça pública em nada abona a favor da investigação”.
O presidente da Câmara Municipal do Porto – que falava na segunda Reunião Anual da Justiça Administrativa, onde era abordado o tema ‘A Justiça Administrativa em Tempos de Crise’ – fazia uma alusão a investigações que decorrem, no âmbito das Parcerias Público Privadas (PPP), que envolvem ministros do executivo de José Sócrates: Mário Lino, Paulo Campos e também António Mendonça.
Para Rui Rio, a Justiça deve “fazer ruturas e abrir horizontes”, evitando as fugas de informação que, de acordo com o autarca social-democrata, resulta quase sempre “num julgamento em praça pública”.
Rio realça que está a falar de pessoas do PS, com as quais teve relacionamento político difícil. E lembra também que o próprio considerou sempre importante que se avançasse na investigação das PPP. Mas lamenta a relação entre Justiça e comunicação social, com fugas que não abonam em favor das autoridades judiciais.
“Não denunciar estas situações é ter falta de sentido de Estado. Não devemos seguir este caminho. Os julgamentos não podem ser feitos na comunicação social. E não é admissível que haja pessoas a contribuir para que isso aconteça. Há demasiada política na Justiça e demasiada Justiça na política”, aponta Rui Rio.
O autarca do Porto pede, desse modo, “reformas estruturais”, culpando “os agentes da Justiça” do modo como ocorrem estas fugas e esta mistura entre política e Justiça.
Ontem, o presidente da Câmara Municipal do Porto sugerira novas leis e vigilância apertada sobre a imprensa. “Temos uma comunicação social a quem praticamente tudo é permitido”.
“Não é possível continuar num regime democrático com a comunicação social, sem ter balizas para a sua atuação”, defende Rui Rio. leia mais