Economia

Socialista Elisa Ferreira a ‘vice’ do Banco de Portugal junta esquerda e direita

elisa ferreira

É um quase consenso raro. A anunciada indicação de Elisa Ferreira para vice-governadora do Banco de Portugal (BdP) é tão bem vista à esquerda como à direita. Só o governador, Carlos Costa, é que não terá gostado que o Presidente Marcelo tenha revelado o que ainda seria segredo.

A entrada da socialista tem um certo grau de urgência porque o Conselho de Administração do BdP tem vindo a exercer funções com menos elementos do que o exigido pela lei orgânica do regulador, embora a lei preveja até um máximo de oito: governador, dois ‘vices’ e cinco administradores.

A “proposta” para a nomeação dos novos administradores cabe ao governador do BdP, que foi surpreendido pela antecipação de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi o Presidente da República, ao referir-se à saída de Elisa Ferreira do Parlamento Europeu, deixou perceber qual seria o ‘destino’ seguinte.

“Estava eu a falar de instituições financeiras e acontece, quem sabe, se não haverá aqui perdas – relativas, porque há enriquecimento noutras áreas – de quem, em qualquer caso, tem uma posição muito útil para continuar a fazer a ponte com as instituições europeias no domínio financeiro”, comentou o chefe de Estado, numa conversa informal com os eurodeputados em que comentava aquela que terá sido a escolha de António Costa para o BdP.

“Sei que estão curiosos de saber quando serão nomeados os novos membros do conselho de administração”, reagiu Carlos Costa, quando instado pelos jornalistas a confirmar a indicação de Elisa Ferreira: “Como sabem, é um procedimento que foi adotado por lei e pela Assembleia da República e cabe ao governador formalizar uma proposta. Em devido tempo irei formalizar uma proposta que vista a reforçar o Conselho de Administração”.

Juntamente com a ex-eurodeputada, uma das economistas que integrou que redigiu o último programa eleitoral do PS, deverá ser também indicado para o BdP Máximo Santos, o atual presidente do ‘BES mau’.

Elisa Ferreira, que era a porta-voz dos socialistas europeus para os assuntos económicos e monetários e co-autora do relatório do Parlamento Europeu sobre os acordos fiscais preferenciais entre Estados e Multinacionais (TAXE), na sequência do escândalo Lux Leaks, é uma figura que reuniu um quase consenso muito raro em Portugal.

Quer à esquerda, quer à direita, os elogios à escolha da antiga ministra do Ambiente estão a suceder-se. Mas já vêm, por exemplo, desde 2014, quando o então primeiro-ministro Passos Coelho, do PSD, evocou o “papel relevante” da socialista no acordo entre o Parlamento Europeu e os governos dos 28 sobre o mecanismo único de resolução dos bancos.

Outro socialista, Augusto Mateus assegurou, em declarações ao Diário de Notícias, que Elisa Ferreira será “capaz de fazer essa ponte” entre o setor financeiro e “o resto da economia”, mantendo-se isenta no BdP apesar de ser militante do PS: “A independência está na coluna vertebral de uma pessoa”.

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