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Júdice: “Marcelo vai ficar sem poder exercer o semipresidencialismo de centro”

Analisando os dois anos de mandato de Marcelo, Júdice vê o Presidente numa encruzilhada. “Ou destrói o Rui Rio, ou vê o PS aliado à esquerda”, avisou.

O comentador da TVI não tem dúvidas. Marcelo Rebelo de Sousa tem uma “dualidade fascinante” e até o balanço do mandato, cumpridos os primeiros dois anos, reflete essa característica “contraditória”.

Em causa está uma suposta preocupação do chefe de Estado com uma maioria absoluta do PS nas Legislativas de 2019. Só que, para evitar que tal aconteça, Marcelo depara-se com uma bifurcação.

“Se o PS tiver maioria absoluta ele vai ser reeleito com uma maioria fantástica, mas depois o [António] Costa não lhe vai ligar muito, não precisa de contrapontos. Ele vai ficar sem poder exercer o seu semipresidencialismo de centro”, salientou José Miguel Júdice.

Marcelo pode cair então na tentação de querer “matar” politicamente essa maioria absoluta socialista, o que o advogado considera ser um erro, porque o resultado será ter “o PS aliado à esquerda e ele não quer isso”.

Em alternativa, “destrói o Rui Rio”, para que a Geringonça não seja substituída por uma maioria absoluta de PSD e CDS.

“É um pecado do orgulho”, considerou Júdice: “Os homens quando são muito poderosos pensam que são imperadores, como se fossem um ‘Deus Ex Machina’, pensam que podem manipular os mortais”.

Mas o chefe de Estado também conhece bem o exemplo histórico da maioria absoluta do PSD com um Presidente socialista, recordou o comentador da TVI.

Se Rui Rio não se afirmar como líder da oposição até ao verão, “o Presidente vai aborrecer o Governo como Mário Soares tentou aborrecer o Cavaco Silva primeiro-ministro”, frisou.

Nessa época, “Soares tentou transformar-se na ‘força de bloqueio’, que na prática era a verdadeira oposição, mas em vez de matar o Cavaco matou o PS, que não teve espaço para a oposição”, insistiu Júdice.

O comentador recorreu ainda a uma imagem popular para descrever a relação atual entre Belém e São Bento: “Este confronto com Costa faz lembrar aquele casal divorciado que só se revê no dia de anos dos filhos. Se o Costa tiver uma maioria absoluta, ele vai assumir como um erro, uma derrota pessoal”.

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