“Se o PS vencer claramente as eleições europeias”, antecipa Ferro Rodrigues, Seguro fica com o caminho livre para exigir a Cavaco Silva a antecipação das legislativas. O antigo líder socialista acusa ainda o Governo e Pires de Lima de estarem “a brincar connosco”.
O futuro Governo socialista tem de ter início com as eleições europeias, defendeu ontem Eduardo Ferro Rodrigues. Numa entrevista à Antena 1, o antigo líder do PS justificou que só um triunfo “claro” na corrida ao Parlamento Europeu dará legitimidade a António José Seguro para exigir ao Presidente da República, Cavaco Silva, que antecipe as eleições legislativas.
“Se o PS vencer claramente as eleições europeias, António José Seguro deverá, nessa noite, pedir eleições antecipadas. Podem desencadear um processo de grande vitória”, antecipou Ferro Rodrigues, atual vice-presidente da Assembleia da República, recordando que o cenário de antecipação das legislativas foi admitido pelo próprio Presidente em julho do ano passado, na sequência da demissão “irrevogável” de Paulo Portas.
Para esse triunfo “claro”, o PS terá de se distanciar do PSD no contexto europeu, uma vez que, no entender do antigo secretário-geral socialista, a austeridade tem sido imposta por “instâncias europeias”: “não pode ser repetindo as receitas destes dois últimos dois anos e meio, é preciso uma lógica e, para isso, é exigível um Governo de outro tipo em Portugal e que tenha um comportamento diferente nas instâncias europeias”.
Em termos de “comportamento”, Ferro Rodrigues acusou o Governo e em particular o ministro da Economia, Pires de Lima, por estarem “a brincar connosco”. “Há uma coisa que me faz muita confusão em Portugal. No ano em que o Governo volta a aumentar os impostos, o discurso político do Governo é sobre a descida necessária de impostos e diz que vem aí o crescimento, que vai ser qualquer coisa de magnífico”, argumentou: “vi o ministro da Economia dizer que em 2014 começam a regressar os emigrantes que partiram. Deve estar a brincar connosco”.
Em causa estavam as afirmações de ontem de Pires de Lima, que abordou os sinais de uma “continuada descida da taxa de desemprego” ao comentar a recente descida dos juros da dívida soberana portuguesa. No entender de Ferro Rodrigues, o ministro da Economia e todo o executivo insistem num “discurso político de negação da realidade”.
