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Vídeo da mulher arrastada: Viúvo lamenta “conceito de que na favela só há bandido”

mulher arrastada O viúvo da mulher que foi arrastada por um carro da Polícia Militar, no Rio de Janeiro, exige que as autoridades brasileiras mudem os procedimentos durante as operações nas favelas. “Se não tivesse aquele cara que filmou, este seria só mais um caso”, disse Alexandre da Silva

O caso da mulher arrastada por um carro da Polícia Militar, no Rio de Janeiro, continua a agitar o Brasil. Hoje, o viúvo foi recebido pelo governador do estado, Sérgio Cabral, e exigiu que as autoridades mudem os procedimentos quando realizarem operações nas favelas.

“Se não tivesse aquele cara que filmou, este seria só mais um caso de” um inocente “que tomou tiro, entrou no hospital e morreu”, desabafou Alexandre Fernandes da Silva, de 41 anos e que é vigilante de profissão.

Segundo a imprensa brasileira, os três polícias militares que arrastaram Cláudia Silva Ferreira ao longo de 350 metros, depois da porta do carro se ter aberto e da mulher ter caído, ficando presa pela roupa, estiveram envolvidos em 62 autos de resistência, os registos que assinalam os casos em que os suspeitos morreram em alegados confrontos com as autoridades.

Citando os dados do sistema informatizado da Polícia Civil, os jornais apontam que pelo menos 69 pessoas morreram nesses supostos tiroteios, desde 2000.

“Existe um conceito de que na favela todo mundo é bandido, mas lá também tem muito trabalhador, como eu e a Claudia”, desabafou o viúvo.

“As pessoas de bem não podem pagar pelo mal. Está na hora disso acabar. Não pode a polícia chegar na comunidade, dar tiro, matar morador e depois botar que foi troca” de tiros, afirmou Alexandre Fernandes da Silva, após a reunião com o governador do Rio de Janeiro.

“Nem o pior traficante do mundo deveria ser tratado assim. Claudia havia acabado de sair de casa, por volta das 8h00, para comprar pão quando um grupo de quatro ou cinco polícias entrou na comunidade. Não houve troca de tiros com traficantes, só os polícias atiraram. Se ela tivesse ficado no meio de fogo cruzado, teria sido atingida pelos dois lados e isso não aconteceu”, reforçou.

Sérgio Cabral, eleito pelo PMDB, pediu desculpas à família em nome das autoridades e prometeu que vai empenhar-se pessoalmente no acompanhamento das investigações.

O viúvo da vítima e o governador estiveram reunidos cerca de duas horas, no Palácio Guanabara, na zona sul do Rio de Janeiro.

Sérgio Cabral saiu sem comentar o assunto com a imprensa, delegando essa responsabilidade no secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Pedro Fernandes.

“Entendemos que esse é um caso de extrema importância e a investigação têm que ser feita da forma mais rápida e eficaz possível. Oferecemos a inclusão de familiares e moradores da comunidade no Programa de Proteção a Testemunhas, apoio para acelerar processo de adoção dos quatro sobrinhos que Claudia criava, e a inclusão dos parentes nos benefícios sociais do governo”, salientou Pedro Fernandes.

O secretário deixou ainda a garantia de que “a família será indemnizada”. “Estamos limitados apenas às questões legais, já que cabe à Justiça estipular valores”, argumentou.

Alexandre Fernandes da Silva reuniu posteriormente com os responsáveis da Polícia Civil, nomeadamente o delegado Fernando Veloso e o comandante-geral, coronel Luís Castro, num encontro onde estiveram presentes outros familiares da vítima.

O caso ocorreu neste domingo, no Rio de Janeiro, quando um carro da Polícia Militar arrastou Cláudia Silva Ferreira, de 38 anos, que ficou presa ao veículo em andamento por um pedaço de roupa.

Apesar de alertados por outros motoristas e por peões, os polícias só pararam cerca de 350 metros à frente.

Segundo a certidão de óbito, a causa de morte foi o tiro que a atingiu e não o arrastamento do corpo, o qual ocorreu quando a mulher estaria a ser transportada para o hospital.

Dois disparos atingiram Cláudia, sendo que um deles foi fatal, de acordo com informação dada pela Polícia Civil.

A cena foi gravada por um videoamador, que seguia atrás do carro da polícia. A mulher arrastada tinha sido baleada no pescoço e nas costas durante uma troca de tiros entre agentes e traficantes do Morro da Congonha, em Madureira.

A família da mulher já se manifestou “chocada” com o caso e exige que os agentes sejam responsabilizados. As imagens não devem ser vistas por pessoas mais sensíveis. Veja o vídeo.

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