Um dos motivos para a sobrecarga nas urgências hospitalares é, no entender dos médicos de clinica geral, a falta de recursos humanos. A AMCG adianta que agora se “nota mais” o problema “por haver menos serviços e menos colegas escalados”.

A sobrecarga nas urgências hospitalares, que nos últimos dias provocam esperas que em alguns casos rondam as 20 horas, não se deve apenas a um aumento da afluência devido aos casos de gripe e constipações típicas da época, no entender dos médicos de clínica geral. Rui Nogueira, vice-presidente da Associação de Médicos de Clínica Geral (AMCG), aponta a diminuição de especialistas e a desorganização de serviços como principais causas.

“Sentimos sempre nesta altura do ano, em janeiro, uma maior afluência aos serviços de urgência, particularmente quando começam as primeiras constipações e as gripes. Uma perceção de excesso de procura que ultimamente se está a notar mais por haver menos serviços e menos colegas escalados”, afirmou Rui Nogueira, citado pela Lusa.

Para resolver este “excesso de procura” nas urgências hospitalares e nas dos centros de saúde torna-se premente reorganizar a capacidade de resposta e de organização, defendeu o responsável da AMCG. “O que ouvimos aos colegas é que se notam equipas mais pequenas e mais restritas e, nos centros de saúde, temos algumas unidades a fechar”, complementou.

Rui Nogueira salienta também uma hipótese de reforçar os meios humanos: requisitando internos, em especial de quarto ano, em escala com um médico sénior: “em muito serviços ainda não estamos devidamente organizados para aproveitar esta força de trabalho, que poderia ser uma forma de minimizar o problema”.

Em resposta às acusações de rotura nas urgências do Serviço Nacional de Saúde, o Ministério garantiu que não existem casos desses, admitindo um aumento dos tempos de espera nas gravidades verdes e amarelas “como sempre ocorre nesta época do ano”.