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Um fracasso em Portugal e um sucesso no resto do mundo

PortatilmagalhaesSão cada vez mais raros os momentos da história mundial onde Portugal se antecipa e está na frente da corrida. Um desses momentos aconteceu muito recentemente, contudo cá foi desprezado e ninguém lhe deu a devida importância. Esta semana falo-vos do famoso computador “Magalhães”.

É made in Portugal, mas cá ninguém o quer. Por sua vez no estrangeiro não para de fazer sucesso. Em cinco anos a JP Sá Couto vendeu 5.303.820 unidades para o mercado educacional de 72 países, surgindo a Venezuela como o principal cliente. No Reino Unido os irmãos Sá Couto ganharam um contracto para equipar os carros da polícia fornecendo 20 mil unidades. No Gabão assinaram um acordo de 21 milhões de euros com o Governo local. Em Angola o processo está muito avançado e deverá no próximo ano ter um desenvolvimento em grande escala. Entre 2008 e 2012 os valores da exportação da JP Sá Couto passaram de 4 milhões de euros para 238 milhões de euros.

A empresa tornou-se um emblema na lapela de José Sócrates pelo facto de operar num sector que se tornara a principal bandeira do regime e ter pronta a usar uma solução (o tal “Magalhães”) que caucionava brilhantes números de propaganda na frente da educação. A colagem do “Magalhães” à propaganda de Sócrates tornou a empresa mais exposta a suspeitas de favorecimento e empolou alguns incidentes.

Indiferente aos acidentes de percurso a agora denominada JP-IK tornou-se líder mundial de plataformas educativas. É absolutamente espantoso o facto de terem conseguido sair ilesos da extinção dos programas do Governo português (e-Escolas e e-Escolinhas para os mais esquecidos). Em 2012 facturaram 356 milhões de euros e este ano as estimativas apontam para um valor a rondar os 450 milhões de euros.

Este não é um texto de promoção à JP-IK ou a José Sócrates e ao seu Partido Socialista, é isso sim uma demonstração de que é possível obter o sucesso tanto cá dentro como lá fora. Depois da extinção dos referidos programas governamentais seria de esperar que a empresa caísse no esquecimento e mais cedo ou mais tarde declarasse falência. O seu próprio país, onde seria de esperar que conseguisse vender a sua tecnologia e os seus produtos, é o único que não reconhece a excelência dos seus serviços. A oposição em conjunto com a comunicação social ajudou a espalhar a ideia de que os ditos computadores não eram assim tão bons e com o desaparecimento de José Sócrates da vida política activa os referidos programas governamentais chegaram também eles ao fim.

Fizemos história ao ambicionar um rácio de um computador por cada aluno e ao distribuir portáteis a custo zero para alunos carenciados ou a preços muito reduzidos (até 50€) provocando assim um verdadeiro “choque tecnológico”. Foram entregues 1,3 milhões de computadores, milhares de escolas passaram a estar equipadas com videoprojectores e quadros interactivos assim como rápidas ligações à internet. Isto até os ditos programas governamentais serem cancelados. Obviamente que os equipamentos mantiveram-se, contudo o mesmo não pode ser dito do fornecimento de portáteis aos mais jovens.

A prova de que era uma boa ideia é o sucesso que o mesmo projecto está a ter pelo mundo fora. Na América Latina países como a Argentina, o Uruguai, a Venezuela, a Colômbia ou mesmo o México apostaram forte nesta iniciativa, criando programas semelhantes para os seus sistemas de ensino.

É triste que a ideologia de um partido e a popularidade, ou falta dela, de um político tenham condenado ao esquecimento tamanha iniciativa. Os computadores não eram perfeitos, tinham erros e limitações, mas certamente que iam melhorar com o passar do tempo através de actualizações. Quanto a vocês não sei, mas acho que mais vale as crianças e jovens terem acesso a um computador com erros e limitações do que não terem acesso a computador algum. Ainda é possível vingar em Portugal e no mundo.

Avaliem as ideias pelo seu verdadeiro potencial e não vão em ideologias partidárias. Não peço que favoreçam as ideias portuguesas em detrimento das outras, apenas não lhes dificultem ainda mais o caminho.

Boa semana.
Boas leituras.

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