O primeiro-ministro pediu a dissolução do Governo por entender que a escalada de violência só teria um fim com a constituição de um executivo apartidário. Só que o Ennahda, que lidera a coligação governamental, já adiantou que “recusa a proposta”, por intermédio do vice-presidente Abdel Hamid Jalasi: “o chefe do Governo tomou esta decisão sem consultar a coligação nem o movimento Ennahda”.
O líder do grupo parlamentar dos islamitas, Sahib Atig, complementa que o primeiro-ministro não tem “o direito de demitir os membros do governo das suas funções”, tanto mais que a Tunísia não tem uma Constituição. A formação de um executivo só é possível com a aprovação da Assembleia Constituinte, na qual o Ennahda detém 89 dos 217 mandatos.
Na origem da decisão de Hamad Jebali esteve o assassínio do líder da coligação de esquerda, Choki Belaid. A principal figura da oposição aos islamitas do Ennahda foi abatida a tiro quando saía de casa, em Tunes, despertando um sentimento de revolta junto da população. Os protestos, confrontos e motins foram crescendo ao longo do dia de ontem, tendo já resultado na morte de um polícia.
A principal central sindical, a UGTT, convocou os 500 mil associados para uma greve geral a realizar amanhã, dia do funeral de Belaid. Quatro partidos da oposição já se associaram à paralisação.
Hoje, foram os advogados e os magistrados quem estiveram em greve, lembrando que Chokri Belaïd se assumia como defensor dos direitos humanos.