Os tremores associados à esclerose múltipla podem ser abrandados com o recurso à toxina botulínica, mais conhecida por botox. Uma investigação conduzida na Austrália demonstrou melhorias nos desenhos e na escrita dos pacientes sujeitos ao ensaio.
A toxina botulínica, mais conhecida por botox e famosa pela aplicação em cirurgia plástica, pode contribuir para a diminuição dos tremores de braços e mãos em pessoas com esclerose múltipla (EM). A descoberta foi realizada na Austrália, após os investigadores do Royal Melbourne Hospital terem comparado a evolução dos desenhos e na escrita de 23 pacientes sujeitos a um ensaio clínico.
“Os tratamentos atuais para tremores em pessoas com EM não são eficazes e novas alternativas são necessárias", justificou Anneke van der Walt, a autora do estudo já divulgado na revista Neurology, complementando: “o nosso estudo sugere uma nova maneira de abordar o tremor relacionado a EM, onde atualmente existem desafios importantes de tratamento e também estabelece o enquadramento para estudos maiores”.
Os 23 pacientes receberam injeções de toxina botulínica tipo A ou dum placebo salino, ao longo de três meses. Findo esse período, receberam o tratamento inverso, durante mais três meses. A avaliação dos resultados baseou-se na medição da gravidade do tremor e na capacidade dos pacientes em escrever e desenhar antes, durante e depois dos tratamentos.
Os resultados começaram a ser visíveis ao fim de seis semanas. Na avaliação dos tremores, o uso de botox provocou uma melhoria média de dois pontos, numa escala de 10 pontos, reduzindo-os de moderados para leves. Na avaliação de desenho e de escrita, os participantes evidenciaram uma melhoria média de um ponto.
Foi também detetado um efeito secundário, nomeadamente a fraqueza muscular, em quase metade (42 por cento) dos pacientes, associada à toxina botulínica; no tratamento com o placebo, esse efeito foi detetado em seis por cento dos participantes. Contudo, essa fraqueza muscular, considerada leve, desapareceu em cerca de duas semanas.
