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Tratamento de infetados com VIH em Angola chega a um em cada quatro pacientes

O tratamento de pessoas com VIH em Angola alcança 26 por cento da população infetada com o vírus, quase um em cada quatro infetados, segundo um relatório das Nações Unidas, que torna assim o país como o pior lusófono neste aspeto.

No relatório, hoje divulgado, Angola surge atrás da Guiné-Bissau, com 30 por cento dos infetados em tratamento, e da Guiné Equatorial, com 38 por cento, sendo estes três os únicos países lusófonos analisados com uma taxa de tratamento de pacientes com VIH abaixo dos 50 por cento.

Segundo o relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o VIH/SIDA (ONUSIDA), Portugal é o país de língua portuguesa com maior percentagem de infetados em tratamento, com 80 por cento, seguindo-se Cabo Verde, com 75 por cento, Brasil, com 64 por cento, e Moçambique, com 54 por cento.

Cabo Verde é o único país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na região da África Ocidental e Central que registou uma taxa de tratamento superior ao valor compilado nestas zonas, superando a média de 40 por cento.

Nas regiões da África Oriental e Austral, ambos os países lusófonos com dados disponíveis – Angola e Moçambique – têm taxas de tratamento prestado a infetados com VIH inferiores à média daquelas zonas, cifrada nos 66 por cento.

O programa das Nações Unidas alertou para a diferença entre estas duas regiões africanas, assinalando que fatores como “falta de fundos, fracos sistemas de saúde, dificuldade de acesso a cuidados de saúde, crises humanitárias e os elevados estigma e discriminação” têm comprometido os esforços no sentido da deteção e tratamento do VIH nestas zonas.

No mesmo relatório, os indicadores do Brasil também superam a média da América Latina.

No Brasil, cerca de 64 por cento dos infetados estão a ser acompanhados no tratamento, um valor ligeiramente acima dos 61 por cento na região central e austral do continente americano.

O Brasil é, a par de Portugal, o único país lusófono analisado nos três indicadores pela ONUSIDA. Naquele país da América do Sul, 59 por cento dos infetados estão numa situação de carga viral indetetável, que impede a sua transmissão.

O relatório não apresenta dados sobre Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, outros dos países lusófonos.

A ONUSIDA estabeleceu, em 2014, as metas 90-90-90, que pretendiam que cada país alcançasse até 2020.

Estas metas almejam que a deteção do VIH em 90 por cento dos infetados, o tratamento de 90 por cento dos infetados e a supressão da carga viral em 90 por cento dos infetados.

De acordo com os dados no relatório hoje apresentado na capital da Costa do Marfim, Abidjan, a supressão da carga viral a nível mundial alcançou os 47,4 por cento em 2017, um aumento face aos 38 por cento de 2015.

No estudo, a ONUSIDA assinalou, em termos globais, o aumento de infetados com conhecimento da sua situação, tendo registado um crescimento de 66 por cento em 2015 para 75 por cento em 2015.

Ainda assim, o diretor-executivo do programa, o maliano Michel Sidibé, acredita que é preciso fazer mais.

“Para atingir as metas 90-90-90 (…) temos de redobrar os nossos esforços para alcançar os milhões que não estão conscientes da sua situação quanto ao VIH e alcançar os milhões que não estão numa situação de supressão da carga viral”, lê-se no prefácio do relatório, assinado por Sidibé.

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