Nas Notícias

“Tive convites para sair da RTP e fiquei sempre, a receber menos do que receberia na privada”, diz Rodrigues dos Santos

José Rodrigues dos Santos revela, em entrevista ao Observador, que recebeu diversos convites de canais privados, ao longo da sua carreira. Declinou-os todos, apesar de serem financeiramente mais vantajosos.

É a cara do telejornal desde 1991 e foi diretor de informação do canal público, entre 2000 e 2004, sendo uma das caras mais mediáticas do jornalismo nacional.

Daí que, às vezes, veja o seu nome envolvido em polémicas e momentos controversos. Porém, José Rodrigues dos Santos faz uma leitura muito objetiva das situações.

“As pessoas podem fazer o folclore que quiserem, se os factos são falsos, temos de corrigir, e estou sempre disponível para isso. Se são verdadeiros, azarinho.”

Sobre o estado do jornalismo atual, Rodrigues dos Santos dá um exemplo dos anos 90 para sustentar que “podem falar mal do que temos hoje na RTP, na SIC ou na TVI, mas é infinitamente melhor”.

Além de jornalista, Rodrigues dos Santos é também escritor e explicou que “não” procura escrever polémicas mas admitiu que a tarefa, às vezes, assim o conduz na literatura.

“Interessa-me tocar no proibido, sim, isso interessa-me. E não concebo um escritor que não se interesse por isso, porque essa é uma das funções mais nobres da literatura: isto não se pode dizer, mas eu vou dizê-lo, porque é verdadeiro.”

Em entrevista ao Observador, Rodrigues dos Santos falou da relação jornalista-escritor.

“Não vivemos em compartimentos estanques. O facto de ser jornalista, tem efeitos positivos e negativos na receção do meu trabalho enquanto escritor”, disse, recusando-se a comentar questões económicas.

“Sobre dinheiros, não vou falar, como compreende.”

O jornalista não revelou, por isso, quando aufere na estação pública de televisão.

“Uma coisa posso garantir: ganho menos do que ganharia na privada. Tive convites para sair da RTP e fiquei sempre, a receber menos do que receberia na privada.”

José Rodrigues dos Santos falou ainda sobre o jornalismo e as funções na direção de informação da RTP que desempenhou.

“Lembro-me de que no tempo do PSD-CDS a administração da RTP dizia-me que o primeiro-ministro tinha protestado por causa de tal notícia e que isso era muito grave. E eu respondia: ‘Muito grave porquê?’ Eles: ‘Porque é o primeiro-ministro.’ A minha preocupação era: ele tinha razão ou não? Não é o facto de ele protestar que lhe dá razão.”

Em destaque

Subir