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Tentativas de suicídio crescem em tempos de crise “por falta de apoio e solidão”, diz Márcio Pereira

suicidioAs tentativas de suicídio têm aumentado com o aprofundar da crise e duplicaram em pouco mais de uma década. “A crise económica afigura-se como um grande problema nos tempos mais próximos”, explica Márcio Pereira, do INEM, destacando a “falta de apoio e solidão” como motivos.

As tentativas de suicídio têm aumentado nos últimos anos, sendo o agravamento cada vez maior quanto mais graves são os efeitos da crise. As pessoas “sentem falta de apoio e solidão, sobretudo sabem como terminar com o sofrimento e perspetivam a morte como uma saída”, explicou Márcio Pereira, responsável nacional pelo Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Citado pelo Diário de Notícias, o especialista comentou que o aumento do desemprego e dos casos de depressão e as maiores dificuldades no acesso aos medicamentos (por falta de dinheiro) poderão agravar ainda mais a situação. “A crise económica afigura-se como um grande problema nos tempos mais próximos”, insistiu.

No ano passado, o suicídio passou a ser, de acordo com os dados do INEM, a principal causa de morte autoinfligida em Portugal e apenas superada, no geral, pela morte por doença. O número de pedidos de ajuda para evitar casos de suicídio foi de 1672, mais 489 do que em 2011 e o dobro dos registados há pouco mais de dez anos.

“Causas desconhecidas”

Os números de pessoas que se suicidaram no ano passado ainda não foram contabilizados, mas é ‘tradição’ os números do INEM serem diferentes dos apresentados pelo Instituto de Medicina Legal (IML): 1251 para o IML ou 1012 para o INEM em 2011, 1101 ou 1141 em 2010. Diferenças que José Carlos Santos, presidente da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, explicou, também citado pelo DN, com as “taxas muito elevadas de morte por causas desconhecidas”.

Segundo este especialista, há várias situações em que a verdadeira causa de morte – o suicídio – é camuflada por determinados motivos (como por causa de seguros ou por questões religiosas), enquanto há casos em que se torna difícil determinar se a morte foi pré-determinada, como numa sobredose de medicamentos ou num acidente de viação.

A sobredose de medicamentos, “as intoxicações por via medicamentosa” como descreveu José Carlos Santos, são “o método mais utilizado” pelos jovens que adotam um “comportamento prassuicidário”. Estatisticamente, o número de suicidas do género masculino é três a quatro vezes superior ao feminino, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, embora sejam as mulheres quem mais tenta suicidar-se; porém, recorrem a “métodos menos letais do que os homens” e têm “mais facilidade em pedir ajuda”, complementou o especialista.

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