Em declarações à Antena 1, uma porta-voz da Deco explica que há “quebras de imagem, falta de som e mesmo a não visualização”, entre outras deficiências que a Deco apelida, num comunicado, de “intoleráveis”.
O processo, antes classificado como “globalmente positivo”, no balanço final da operação, acaba por conduzir a conclusões contrárias: “A rede TDT não estava preparada para suportar as circunstâncias normais e expectáveis inerentes ao seu desempenho. Não sendo alcançado o nível de qualidade exigível, surge o debate público”, realça a Deco no mesmo comunicado.
A Televisão Digital Terrestre apresenta “graves problemas”, resultantes da operação de mudança do sinal analógico para a TDT: “62 por cento dos inquiridos que permanecem no acesso terrestre gratuito disseram não receber o sinal de televisão em condições e 13 por cento afirmam que não conseguem seguir o normal desenrolar das emissões”.
O estudo da Deco – realizado território Continental, em novembro de 2012 – alerta para o facto de a falta de qualidade da televisão gratuita estar a suscitar novos contratos de televisão paga. A Portugal Telecom, como concessionária da TDT, é precisamente um dos operadores do mercado da televisão paga. Esta situação é “imoral”, segundo sustenta a Deco.
“Foram tantos os consumidores que reclamaram e que não conseguiram ver a sua situação resolvida que não tiveram alternativa se não recorrer à subscrição de televisão paga”, acusa a associação de defesa do consumidor, que convida a Portugal Telecom a “fazer o que for preciso para respeitar as condições da licença que lhe foi atribuída”.
Meio ano após o fim da emissão analógica, mais de três milhões de portugueses foram obrigados a comprar equipamento para aceder à nova tecnologia, que oferece quatro canais.
Na altura de realizar um balanço ao primeiro semestre de exclusividade da TDT, as opiniões diferem. Os responsáveis apontam o cenário positivo, os utilizadores registam o lado negativo.
A Deco revelara, então, que recebera quase 2000 reclamações, na maioria a protestar contra a fraca qualidade do sinal. Ana Tapadinhas, que coordena o acompanhamento da TDT na Deco, salienta que as queixas englobam vários “abaixo-assinados da população e liderados pelas juntas de freguesia”.
Este cenário é desdramatizado pela Anacom, que tutelou a migração da tecnologia analógica para o digital, num processo executado pela operadora Portugal Telecom. Apesar das cerca de 8000 reclamações recebidas, o regulador traça um “balanço francamente positivo” e assegura que “o processo decorreu sem perturbações”.
A quantidade de canais disponíveis em TDT também suscita dúvidas. Em Portugal, ao contrário de outros países, há apenas quatro canais. E por que razão a Televisão Digital Terrestre só fornece quatro canais?
