Economia

Taxa de crescimento de Angola até 2022 não será superior a 2,8 por cento

O economista angolano Manuel Alves da Rocha estimou hoje que a taxa de crescimento de Angola “não será superior a 2,8 por cento até 2022”, comparando as previsões do Governo angolano, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM).

“A nossa conclusão não é muito diferente dos valores que são hoje conhecidos e a nossa previsão vai no sentido de a capacidade de crescimento da economia não ser muito superior a 2,5 ou a 2,8 por cento ao ano até 2022”, disse.

Alves da Rocha falava hoje aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento do Relatório Económico de Angola 2017, elaborado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC), da Universidade Católica de Angola (UCAN).

Segundo o também diretor do CEIC, a capacidade de crescimento do país “não tem sido igual ao da população”, pelo que realçou que o país está a entrar num “estado estacionário”, em que o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante se mantém constante.

“O PIB por habitante do país tem vindo a diminuir e não é possível melhorar a distribuição do rendimento nacional”, afirmou.

No entender do docente universitário, em termos reais, “a produção petrolífera em Angola tem vindo a diminuir”, bem como a registar “comportamentos negativos”, sobretudo pela “falta investimentos das concessionárias”.

O diretor do CEIC questionou também o referencial de reservas de petróleo no país, argumentando que faltam estudos específicos para se apurar este quadro particular.

“Não se sabe muito bem qual o referencial de reservas de petróleo em Angola, se serão 9.000 ou 15.000 milhões [de barris] e faltam estudos para se apurar. Tudo isto tem de passar a ser enquadrado nos desenvolvimentos tecnológicos, que visam poupar cada vez mais petróleo e que visam substituí-lo por outras fontes renováveis”, observou.

No domínio das reformas em curso em Angola, particularmente no combate à corrupção e na luta pela transparência, o economista falou numa “aparente nova era” para o país, augurando por “resultados efetivos”.

“Vamos ver os resultados do combate à corrupção, porque, aparentemente, as políticas podem estar bem desenhadas e também aparentemente haver vontade política. Vamos é ver agora os resultados, alguns sinais apontam nesse sentido”, realçou.

Alves da Rocha defendeu, por outro lado, a realização de um “estudo de impacto sobre a corrupção no desenvolvimento económico do país”, pois, explicou, a estrutura governamental “carece de abordagens nesse domínio”.

“Nunca vi aqui em Angola nenhum estudo de impacto sobre a corrupção no desenvolvimento económico. No CEIC fizemos alguns textos sobre isso, tentamos determinar o peso da corrupção, relativamente ao PIB”, referiu.

“Mas nunca vi, da parte do Governo, considerações e abordagens no sentido de dizer que, se a corrupção for extinta, isso terá influência na percentagem da taxa de crescimento. Eu nunca vi isso”, insistiu.

Em relação ao Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022, elaborado pelo Governo angolano e que suporta políticas, estratégias e metas de crescimento para o país nesse período, o diretor do CEIC questionou os custos para o seu financiamento.

Segundo o académico, também não se fazem contas sobre o custo das políticas públicas.

“Ninguém sabe, aqui, em Angola, quanto custa uma determinada política pública. Nos Planos de Desenvolvimento Nacional limitamo-nos a inscrever os objetivos, medidas, políticas. Mas quanto é que isso custa? Daí que deva haver uma análise económica das medidas de natureza administrativa”, sublinhou.

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