Em 2011, José Sócrates, então primeiro-ministro, convidou Passos Coelho para integrar o Governo e evitar uma crise política. “Falei com ele duas ou três vezes”, revela Sócrates à TSF. Agora, o ex-primeiro-ministro entende que o PS deve pedir eleições antecipadas e colocar o país perante a crise que tentou evitar.
Em entrevista à TSF, José Sócrates revelou que, quando era primeiro-ministro, tentou por mais do que uma vez chamar Passos Coelho ao Governo socialista, para que o país evitasse uma crise política, já que o PS não tinha maioria parlamentar.
“Falei duas ou três vezes com o então líder da oposição [Passos Coelho] nessa possibilidade. Isso foi recusado porque o líder da oposição queria ser primeiro-ministro”, revelou Sócrates.
No entanto, o cenário inverteu-se e é Passos Coelho que tenta chamar António José Seguro, secretário-geral do PS, a um consenso alargado. Mas Sócrates não defende esse consenso, mesmo que a crise política seja uma fatalidade. “Agora é o líder do PS que lhe diz, dois anos depois, que não aceita ir para o Governo nestas circunstâncias, o que eu compreendo muito bem”, salienta José Sócrates.
Recorde-se que Sócrates, quando foi eleito primeiro-ministro sem maioria, tentou obter um consenso, ouvindo todos os partidos com assento parlamentar. No entanto, nenhum partido aceitou qualquer acordo e o PS teve de governar sozinho, sucumbindo ao chumbo do PEC 4, rejeitado por todos os partidos da oposição.
O cenário político atual é diferente. Mas, apesar de ter maioria com a coligação com o CDS-PP, Pedro Passos Coelho enfrenta problemas relacionados com os entraves da Constituição, sendo que apenas uma maioria de dois terços poderá aprovar uma revisão constitucional. Só com o apoio de António José Seguro a maioria conseguirá estas mudanças.
José Sócrates entende que o PS deve impor esta “linha vermelha” e nunca aceitar qualquer acordo parlamentar que vise mexer na Constituição. “Espero uma oposição frontal, porque todos aqueles que acham que se deve transformar a Constituição num centro de disputa política, estão a cometer um erro”, refere Sócrates à TSF, nesta entrevista.
Seguro, para José Sócrates, “tem de exigir eleições antecipadas”. “Como é que o PS pode assinar este Orçamento?”, questiona o ex-primeiro-ministro, que entende que “o país precisa verdadeiramente de eleições antecipadas”.
