“Ele vem no calendário das autárquicas, ele vem obviamente num calendário eventual de eleições presidenciais e vem, antes de mais, porque acha duas coisas que eu acho extraordinárias: primeiro, que já está resolvido o problema da governação de José Sócrates, segundo, que ninguém está a capitanear a oposição”, disse Sarmento.
Da oposição para o primeiro-ministro, o antigo quadro do PSD não acredita que Pedro Passos Coelho altere a composição do Governo: “fazer declarações a reivindicar remodelações, sabemos dos 30 que isto já leva que, em princípio, não conduz ao resultado da remodelação, porque o primeiro-ministro que pela primeira vez o fizer assim deixará de ser ele o primeiro-ministro e passará a ser primeiro-ministro aquele que reivindicou a remodelação”.
“Insulto”
Jorge Lacão, que foi ministro dos Assuntos Parlamentares quando Sócrates era primeiro-ministro, estava presente nesse debate e não gostou das “duas caraterísticas” salientadas pelo orador do PSD, considerando que era “um julgamento de carácter” mais parecido com um “insulto”.
“Faz todo o sentido que possamos esgrimir argumentos de concordância ou discordância no plano político, mas passar dessa atitude para a atitude do insulto, pela presunção que alguém, particularmente algum de nós, tem uma espécie de autoridade própria para fazer julgamentos de carácter sobre os outros, é alguma coisa que eu não posso deixar de repudiar vivamente”, afirmou Lacão.
Quanto a uma eventual remodelação, o deputado socialista garantiu que é esse, “inteiramente”, o “estado de espírito” de Paulo Portas, o líder do CDS e também ministro dos Negócios Estrangeiros. Resta é saber, complementou Lacão, se os centristas querem criar uma “dificuldade” ao parceiro de coligação ou “ajudar” com “uma solução” o “primeiro-ministro Passos Coelho”.
“O que eu tenho dúvidas não é se a remodelação vem mais cedo ou mais tarde, é se os critérios de orientação política subjacente a este Governo vão manter-se ou ser alterados”, concluiu.
