José Sócrates anuncia recurso à Comissão Europeia, devido a dificuldades de financiamento da República. Primeiro-ministro demissionário comunicou a decisão a Cavaco Silva e promete “empenho pessoal” para que esta solução “tenha o menor custo para os portugueses”. Um recado para a oposição: “É tempo de assumirmos responsabilidades”.
Depois de reunido de emergência com os restantes elementos do executivo, José Sócrates comunicou ao país a decisão do Governo: “Dirigir à Comissão Europeia um pedido de assistência financeira”.
“Avaliadas todas as alternativas, a situação tenderia a agravar-se se nada fosse feito. Lutei contra esta decisão. Tínhamos uma solução, que foi deitada fora. O país ficou fragilizado e o Governo ficou sem possibilidade de reagir às dificuldades”, justificou o primeiro-ministro demissionário.
Falando “em nome do interesse nacional”, José Sócrates sustenta que se “acentuaram as dificuldades de financiamento da República”, com “sinais claros de dificuldades do país em aceder aos mercados internacionais”.
A rejeição do PEC – documento que tinha o apoio das instituições europeias – “agravou de forma dramática a situação financeira do país” e representou um “sinal errado” dado às instituições financeiras.
“Tudo tentei. Mas chegámos ao momento em que não tomar a decisão acarretaria riscos que o país não deve correr. Em nome do interesse nacional, é preciso dar este passo. Lutarei para que a negociação deste pedido de ajuda tenha o menor custo para os portugueses”, disse.
Governo dirigiu então um pedido de assistência financeira, para garantir condições de financiamento à economia. José Sócrates informou o Presidente da República desta decisão, para que Cavaco Silva “tome as diligências necessárias, junto dos restantes partidos”.
Sempre com a oposição como alvo velado em todas as críticas, e em tom severo, Sócrates terminou o comunicado ao país com um recado para os líderes políticos que chumbaram o PEC: “É o momento de assumirmos responsabilidades”.
