Site do Charlie Hebdo, jornal que publicou as polémicas caricaturas do profeta Maomé, está de novo online, depois de uma quebra nos servidores. Valérie Manteau, porta-voz do jornal, revelou que não houve um ataque de piratas informáticos, mas um acesso de dezenas de milhar de pessoas, concertado, que teve como objetivo colocar o espaço inacessível.
Depois de uma quebra dos servidores, o site do Charlie Hebdo está de novo online, recuperado de uma ação concertada, para sobrecarregar a procura do site e provocar um ‘crash’. Foi uma retaliação pelo facto de o jornal ter publicado caricaturas de Maomé, o que deixou o mundo islâmico em fúria.
Segundo Valérie Manteau, porta-voz e jornalista do Charlie Hebdo, o jornal pondera apresentar uma queixa. “O site não foi alvo de piratas informáticos, mas vítima de uma sobrecarga de dezenas de milhares de tentativas de acesso visando bloqueá-lo”, explicou, em declarações reproduzidas pela agência Lusa.
Apesar das reações e retaliações, o Charlie Hebdo vai voltar à carga, com uma nova tiragem com caricaturas do profeta Maomé, desta vez com 90 mil exemplares, depois de vendidas 75 mil cópias, desde ontem. Espera-se que nesta sexta-feira esteja nas bancas o periódico, com as caricaturas do profeta.
O ataque aos servidores que tornaram o site inacessível é um ataque menos agressivo, quando comparado com tantos outros de que o jornal satírico tem sivo alvo. Em 2011, as instalações do periódico francês foram incendiadas, após a publicação de um número intitulado ‘Charia [lei islâmica] Hebdo’. Na capa desse número, surge uma caricatura do profeta, como diretor do jornal. Também o site foi alvo de ataques.
Agora, o Charlie Hebdo volta à carga, caricaturando Maomé, de novo. Charb, cartonista e diretor do jornal, pediu a Jean-Marc Ayrault, primeiro-ministro francês, para que apoie a liberdade de imprensa, “em vez de estar impressionado com um grupo de palhaços ridículos que se manifestam à frente da embaixada dos Estados Unidos”, escreve a Lusa.
“O contexto mundial nunca será favorável a gozar com o Islão radical ou religiões em geral. Se tivermos em conta o contexto, nunca mais se falará de nada e a imprensa satírica está condenada”, refere Charb, citado por aquela agência noticiosa.