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“Se as camas salvassem vidas, a IKEA resolvia a pandemia”, diz enfermeira

Profissional de saúde alerta para a falta de recursos humanos nos hospitais. Avisa que os enfermeiros atingiram o máximo da capacidade de testagem e que esse facto ajuda a explicar a estabilização nos 10 mil casos – números redondos – por dia. “Se as camas salvassem vidas, a IKEA resolvia a pandemia”, diz Carmen Garcia, em declarações à TVI. 

Carmen Garcia, uma enfermeira que deixou a enfermagem no início do ano passado e que decidiu retomar a carreira para fazer frente à pandemia, alerta para a falta de recursos nos hospitais. 

“Senti-me eticamente forçada a voltar à prática e comecei a fazer testagem. Quando comecei a fazer testagem, trabalhávamos de segunda a sexta-feira até às 17h00. Depois, começámos a testar ao sábado de manhã. Entretanto, passámos a testar ao sábado à tarde. Agora, já testamos ao domingo, o dia inteiro”, diz, à TVI.  

“Estamos a testar todos os dias, no máximo de horas humanamente possível. E as pessoas não param de chegar”. 

A profissional de saúde alerta que a capacidade de fazer testes está no máximo. E esse cenário não será alterado sem mais recursos humanos nos hospitais:  

“Não vamos conseguir aumentar a capacidade de testagem que temos neste momento. Receio que a tenhamos atingido. E esta estabilização nos 10 mil casos diários significa mesmo isso: atingimos o máximo de testes que conseguimos fazer”.  

“O meu receio é que não estejamos no planalto de casos, mas, pelo contrário, simplesmente tenhamos atingido a nossa capacidade de testagem”, avisa. 

Carmen Garcia insiste na ideia de que não falta material para proceder a testes. E que enquanto não aumentar o número de profissionais de saúde, o problema não se resolve. 

“Material não falta. Temos imensas zaragatoas… Não nos falta material. O que não temos é gente. Não é por falta de meios técnicos que vamos colapsar, é por falta de meios humanos”, acrescenta.  

“Se as camas salvassem vidas, a IKEA resolvia a pandemia. O problema é que não há pessoas, não há mais gente”, diz enfermeira, que aponta a escassez de recursos como grande problema no combate à pandemia, mais do que a falta de camas nos hospitais. 

Carmen Garcia alerta ainda para as  dificuldades em conseguir marcações para testagem no próprio dia. “Só em situações de emergência. Noto que há filas para testar. E há cada vez mais adolescentes e jovem para testar”, destaca. 

“Cada vez mais testo adolescentes e jovens. E noto em laboratório mais gente jovem a testar. E há cada vez mais sintomáticos. Tenho dificuldade em perceber como os alunos continuam na escola”, defende.  

E quem vai fazer testes, de acordo com a enfermeira, fá-lo porque tem sintomas de covid-19. Não o faz por precaução.  

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