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Baptista Leite “nunca tinha visto tantas mortes”. No seu turno, morreu uma pessoa com covid-19

Um vídeo do médico e deputado do PSD, Ricardo Baptista Leite, ganhou eco nas redes sociais. O clínico disse que nunca tinha visto morrer tanta gente num turno. Certo é que, nesse turno, morreu uma pessoa com covid-19, segundo garante a Sábado, que contactou fonte daquele hospital. A deputada do PS, Ana Catarina Mendes, aponta o dedo ao social-democrata: “Diga a verdade sobre o que viu”.

Ricardo Baptista Leite esteve, no passado sábado, como médico voluntário a tratar doentes covid-19, no Hospital de Cascais. Um dia depois desse turno, divulgou um vídeo a relatar a experiência.  

“Nunca assisti a tantas mortes, na minha vida profissional, num tão curto espaço de tempo, como no dia de ontem”, resumiu, traçando um quadro negro naquela unidade de saúde. 

A versão do Hospital de Cascais contraria as palavras de Ricardo Baptista Leite, no que diz respeito ao número de óbitos.  

Segundo declarações de fonte oficial do hospital à revista Sábado, “no passado sábado, dia 16 de janeiro, foram registados seis óbitos nesta unidade, três dos quais na urgência dedicada a doentes suspeitos ou positivos covid-19, tendo um desses óbitos ocorrido no turno entre as 8h00 e as 20h00″. 

No passado sábado, morreram seis pessoas no Hospital de Cascais. Três foram vítimas de covid-19, uma delas perdeu a vida no turno de Ricardo Baptista Leite.

O médico e deputado fala de um cenário de exaustão dos médicos e de forte pressão sobre os serviços, ideia que o hospital confirma. Baptista Leite defendeu um confinamento mais apertado, visto que o que vigora “não está a funcionar”.  

E o caso ganhou contornos políticos, com Ana Catarina Mendes a recorrer às redes sociais a exigir “responsabilidade” ao deputado do PSD, criticando o “dramatismo”.  

“Diga a verdade do que viu. Pressão sobre o SNS? Sem dúvida! Mas a forma como fala no vídeo que publicou é demagógica e sabe que causa um alarmismo inexplicável”, realça a deputada do PS. 

“Não é verdade, e o senhor sabe que não é verdade, a mortandade que descreveu no Hospital de Cascais no sábado passado. Faleceram três pessoas no covidário, cuja morte muito lamentamos, e cinco foram transferidas para a UCI. E sabe porque é que sabemos disso? Porque perante o seu grito de alerta, perguntámos ao Hospital o que se passava”, refere Ana Catarina Mendes. 

“Peço-lhe que seja deputado por inteiro e não pela metade. E respeite a dor, a morte e o luto de tantos portugueses e respeite o trabalho dos profissionais de saúde. Há limites para a politiquice. Exige-se, num momento tão difícil, responsabilidade de todos e responsabilidade acrescida dos responsáveis políticos. Por isso, o Sr. deputado não deve ignorar que, só no último ano, entraram para o SNS mais oito mil profissionais de saúde, duplicou-se a capacidade de cuidados intensivos, aumentou-se a capacidade de testagem e os profissionais de saúde na linha da frente covid têm sido inexcedíveis”, concluiu a socialista. 

Ricardo Baptista Leite não reagiu a estas palavras, nem comentou os dados do Hospital de Cascais. Mas há poucos minutos reiterou a sua ideia, partilhando o vídeo de uma entrevista concedida à SIC, onde comentou as palavras divulgadas no vídeo.  

“Partilho o relatado detalhado do meu último turno como voluntário no hospital e em particular os telefonemas às famílias do que infelizmente morreram ‘covidário’ do serviço de urgência. Se fizermos a nossa parte, podemos salvar milhares de vidas. Por favor, fique em casa”, escreveu, há minutos, nas redes sociais.  

Recorde o vídeo que deu origem a esta controvérsia:

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