Os salários estão a cair em Portugal para um nível recorde e que, na União Europeia, só tem paralelo com a Irlanda. O economista Daniel Bessa admitiu a preocupação com este registo extremamente negativo e alertou que é no setor empresarial do Estado que a situação começa a mostrar-se “dramática”.

O valor do trabalho está a baixar drasticamente em Portugal. Os dados do Eurostat, hoje revelados, mostram que a economia portuguesa é a única, a par da irlandesa, a contrariar o rimo da União Europeia. Enquanto a tendência continental é de subida, com os custos da mão de obra a subirem 2,7 por cento em média, em Portugal caiu 1,7 por cento.

A baixa das remunerações foi tão drástica que já há economistas a mostrarem-se apreensivos com a degradação das condições do trabalho em Portugal. Daniel Bessa já se manifestou contra o prejuízo da mão de obra qualificada, que afeta tanto o setor público como o privado; ainda assim, a situação começa a ser “dramática” no setor empresarial do Estado.

“Estamos a ver em todo o país uma redução muito rápida das componentes variáveis das remunerações, com o Estado à cabeça”, afirmou o economista, em declarações à RTP. “Encaro isso com a maior dificuldade no setor empresarial do Estado”, onde a redução dos salários atinge também a mão de obra qualificada que o Estado tanto tentou cativar nos últimos anos.

A culpa é da austeridade, mas a crise não pode justificar tudo, defendeu Daniel Bessa: “até aceito que seja uma inevitabilidade da situação financeira, mostra é que realmente estamos a recuar”.