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Saiba porque todos os dias contribuímos para o trabalho infantil

De acordo com uma listagem da Amnistia Internacional, diversos gigantes dos ramos alimentar, de higiene e de limpeza recorrem a trabalho infantil para a produção. Nós somos, mais do que provavelmente, consumidores de alguns desses produtos.

Certamente já ouviu falar do óleo de palma, que está presente na esmagadora maioria dos produtos que consumimos, desde alimentos, a cosméticos, passando pelos detergentes. A produção recorre ao trabalho infantil e tem um efeito na natureza, como a destruição de espécies.

A grande vantagem do óleo de palma é o seu reduzido preço, o que leva várias marcas a utilizar um produto que se obtém à custa do trabalho forçado e infantil.

De acordo com o mais recente relatório Amnistia Internacional (AI), há nove marcas com as quais convivemos diariamente, multinacionais que nos vendem alimentos e nos cuidam da higiene e da beleza.

Eis a lista da AI: AFAMSA, Archer Daniels Midland (ADM), Colgate – Palmolive, Elevance, Kellogg’s, Nestlé, Procter & Gamble (P&G), Reckitt Benckiser e Unilever.

O trabalho infantil é forçado. Logo, tem implicações diretas para a saúde. Mas há ainda efeitos indiretos, desde a falta de segurança no trabalho, ao abandono escolar precoce, cujo resultado é uma taxa de iliteracia elevada e maiores desigualdades entre países.

“As empresas estão a virar as costas e ignorar a exploração dos trabalhadores na sua rede de fornecimentos. Apesar de prometerem aos consumidores que não existirá exploração nas suas redes fornecedoras de óleo de palma, grandes marcas continuam a lucrar com abusos terríveis. As descobertas feitas nesta investigação vão chocar qualquer consumidor que pensa estar a fazer escolhas éticas nos supermercados quando compra produtos cujas marcas dizem usar óleo de palma de forma sustentável”, destaca Meghna Abraham, investigadora da Amnistia Internacional.

Para extrair o óleo de palma, são necessárias substâncias tóxicas. As crianças são obrigadas a transportar sacos pesados. Nem todos os adultos aguentam as condições de trabalho que são impostas aos menores.

Claro está que não existem entidades que regulem direitos básicos, como um seguro de saúde, ou prevenção de acidentes no trabalho.

Estima-se, segundo números da AI, que a média de rendimentos não ultrapasse os 2,39 euros diários.

“Há algo de muito errado quando nove empresas, que apresentaram uma receita combinada de 325 mil milhões de dólares [cerca de 307,1 mil milhões de euros] em 2015, não são capazes de fazer nada sobre o tratamento atroz que é dado aos trabalhadores nas explorações de óleo de palma e os quais ganham uma miséria”, salienta ainda Meghna Abraham.

O relatório “The great palm oil scandal” denuncia um padrão de discriminação na contratação de mulheres por dia, a quem é negado emprego permanente e benefícios de segurança social, seguros de saúde e reformas.

“A Amnistia Internacional documentou casos de trabalho forçado e de capatazes que ameaçam não pagar às trabalhadoras ou cortar-lhes nos salários para as obrigar a trabalharem mais”.

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