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Vídeo: Chernobil tem uma nova cúpula para ‘sepultar’ o reator nuclear

A central de Chernobil, palco do maior desastre nuclear da história, está agora tapada por um sarcófago monumental, projetado para durar mais de um século.

A estrutura de metal Novo Confinamento Seguro, a maior do género feita até hoje, é tão grande que ‘engoliu’ o sarcófago de cimento com que a União Soviética tentou conter (e esconder) a nuvem de radioatividade.

Lá dentro podiam caber também a Estátua da Liberdade de pé, ou dois aviões Boeing 747 alinhados.

Para conter o maior desastre nuclear só mesmo a tecnologia mais avançada do momento. O Novo Confinamento Seguro foi erguido por mais de 2500 trabalhadores, que não podiam trabalhar mais do que 15 dias para que não fossem sujeitos a doses de radioatividade acima do limite de segurança.

Em determinadas zonas da central de Chernobil, os turnos não podiam exceder as quatro horas, pelo mesmo motivo.

O sarcófago de metal foi construído num terreno ao lado da central, a uma distância equivalente a três campos de futebol, e depois transportado sobre carris para o destino final.

Com 108 metros de altura por 162 de comprimento e 257 de envergadura, o Novo Confinamento Seguro pesa 36 mil toneladas, mas é capaz de resistir a um sismo até à magnitude 6 na escala de Richter.

Tem uma resistência térmica que aguenta variações de temperatura entre os 45 graus e os 43 graus negativos.

Quanto ao vento, este ‘caixão metálico’ resiste a ventos entre os 254 e os 332 quilómetros por hora, as rajadas de um tornado de categoria 3.

O programa para erguer esta estrutura descomunal foi criado em 1997, quando a comunidade internacional, secundando o exemplo do G7, começou a fazer donativos para um fundo específico.

Desse fundo saíram os 2100 milhões de euros que custou o projeto: só a nova cúpula é responsável por uma fatia de 1500 milhões de euros.

“Muitos duvidaram, muitos não acreditaram. Felicito-vos meus amigos. Sim! Nós conseguimos”, congratulou-se o Presidente ucraniano, Petro Porochenko, recorrendo ao lema da campanha presidencial de Obama.

“O mundo inteiro pode hoje ver o que podem fazer a Ucrânia e o mundo quando se unem, como somos capazes de proteger o mundo da contaminação nuclear e das ameaças nucleares”, concluiu o chefe de Estado ucraniano.

Foi a 26 de abril de 1986 que reator número quatro da central de Chernobil explodiu, libertando uma nuvem tóxica que os países escandinavos denunciaram passados dois dias.

A explosão matou de imediato 30 pessoas, vitimadas pelas altas doses de radiação, e tornou-se impossível fazer uma contabilidade das vítimas provocadas pela exposição a doses menos elevadas mas prolongada no tempo.

A nuvem radioativa alastrou-se por três quartos da Europa, mas incidiu sobretudo nos países da União Soviética, nomeadamente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia.

As autoridades soviéticas mandaram evacuar a região, num perímetro de 30 quilómetros, levando mais de 100 mil pessoas a terem de procurar um novo lar.

Moscovo mandou também construir um sarcófago de cimento, que ficou concluído em novembro.

Não há dados credíveis sobre a evolução do estado de saúde dos 90 mil trabalhadores envolvidos nessa operação.

O sarcófago já foi ‘remendado’ várias vezes, tornando fundamental a criação deste Novo Confinamento Seguro face ao risco de derrocada, a qual poderia libertar entre 150 a 200 toneladas de poeira altamente radioativa.

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