O PS reuniu com o PSD para definir em que matérias poderia haver “consenso” entre os dois partidos. Do encontro saiu um acordo: não há entendimento possível entre as duas partes. O PS assume que as divergências são “insanáveis”, o PSD responde que a visão socialista é “irresponsável”.
O único entendimento que resultou da reunião de hoje é que PS e PSD não se entendem. Os socialistas deslocaram-se à sede ‘laranja’ para definir em que matérias poderia haver um “consenso” entre os dois partidos, mas o único ponto em que as cúpulas partidárias estão de acordo é que não há acordo possível.
PS “em desacordo”
“As divergências entre PS e PSD são insanáveis, estruturais e profundas”, resumiu Alberto Martins, que como membro do Secretariado Nacional representou os socialistas. O pedido de eleições antecipadas, que o líder do PS repete sempre que pode, demonstra uma “visão irresponsável”, criticou Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do PSD.
A dissonância entre os discursos socialista e social-democrata foi o único consenso de uma reunião que durou cerca de uma hora. Apesar do diálogo “correto”, Alberto Martins salientou que o PS tem de estar “em desacordo com a ditadura da austeridade” defendida pelo PSD e pelo Governo.
“Entendemos que os problemas do emprego e do crescimento não são resolvidos com esta política, que está a provocar uma grande degradação social e até política. Fizemos sentir ao PSD que devem ser criadas condições para dar voz ao povo pela via de eleições”, frisou o representante socialista.
“O PS defende uma política de ajustamento do memorando e de reorientação do processo de investimento e de consumo público, porque entende que o contrato social básico que está fundado na Constituição tem a ver com a vida das pessoas, com o rendimento dos cidadãos e com as condições essenciais de educação, saúde ou cultura”, complementou.
PSD esperava “compromisso”
Jorge Moreira da Silva defendeu que o PSD está sempre aberto ao diálogo, criticando os socialistas por marcarem uma reunião sem a mesma disponibilidade. “Por responsabilidade própria, infelizmente, o PS assumiu uma opção que dificulta a capacidade de compromisso e de entendimento”, adiantou
“Estamos a meio da legislatura e o PS pretende ter eleições, prescindiu de apresentar propostas no sentido de criar condições para o compromisso e de assumir uma postura de abertura. Pura e simplesmente, o PS optou por dizer que a única solução é um ato eleitoral”, resumiu o coordenador da Comissão Política do PSD.
A insistência do PS na antecipação das legislativas é, “do ponto de vista do PSD, uma visão irresponsável, porque o que se pede aos partidos e aos políticos é que assumam abertura e que tenham uma posição realista no diagnóstico da situação do país”, criticou Jorge Moreira da Silva.