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“Quando se fala de racismo sistémico, fala-se de percalços destes”

A dobragem portuguesa do filme ‘Soul’ mereceu uma crítica de Nuno Markl, pelo “escavar do fosso” que discrimina os atores negros em Portugal.

Reconhecendo o “mérito” da dobragem, “bem dirigida e interpretada”, o argumentista e radialista lamentou que Portugal não tenha prolongado “o momento histórico celebrado internacionalmente pelas próprias Disney e Pixar”.

“Soul é o primeiro filme da Pixar com um protagonista negro, contando o elenco original com as vozes de Jamie Foxx, Angela Bassett e Questlove”, salientou Markl.

O autor de ‘O homem que mordeu o cão’ sustentou que em Portugal há “excelentes actores negros capazes de vestir a pele destas personagens” e repudiou, de forma veemente, “a desculpa ‘não temos cá ninguém’”.

“Este tipo de incidente só ajuda a que continue sem haver ‘ninguém’. Sempre que acontece uma coisa destas, prossegue-se o escavar do fosso que afasta esses actores das oportunidades que merecem. Quando se fala de racismo sistémico, fala-se de percalços destes”, afirmou Nuno Markl.

O argumentista frisou que o comentário é “construtivo” e admitiu que “não terá havido más intenções” na dobragem em português de ‘Soul’.

“Pode ser que, trazendo este tema a debate, as coisas mudem”, concluiu.

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