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Produção industrial de alimentos vai matar cinco milhões até 2050

Cinco milhões de pessoas por ano vão morrer devido a danos causados pela produção industrial de alimentos até 2050, conclui um relatório Fundação Ellen MacArthur, apoiada pela Fundação Gulbenkian, que será hoje apresentado.

Segundo o documento, que será divulgado no Fórum Económico de Davos, nos próximos 30 anos o número de mortes devido a fatores de produção industrial de alimentos será o dobro das causadas por obesidade e quatro vezes o número de mortes em acidentes de viação atualmente.

Hoje em dia, adianta o estudo, a produção de alimentos é responsável por quase um quarto das emissões de gases com efeito estufa.

“A poluição do ar, a contaminação da água, a exposição a pesticidas e o uso excessivo de antibióticos e fertilizantes tornam a alimentação saudável impossível para as pessoas em todo o mundo”, refere o documento.

Como proposta de resolução do problema, o relatório avança um sistema alimentar circular e regenerativo para as cidades.

“As cidades são fundamentais para esta revolução alimentar”, avisa, referindo que, em 2050, será nas cidades “que se consumirão 80 por cento dos alimentos produzidos em todo o mundo”, o que “lhes confere o poder de conduzir a mudança para este sistema saudável”.

O estudo realizado pela Fundação Ellen MacArthur, com o apoio da Fundação Gulbenkian, baseou-se em números e estatísticas globais, focando-se em quatro cidades: Bruxelas, Guelph, São Paulo e Porto.

Segundo conclui, os esforços das cidades para eliminar o desperdício e melhorar a saúde através da economia circular podem poupar cerca de 2,3 biliões de euros por ano à economia global.

A proposta integra um sistema alimentar circular, onde o cultivo de alimentos é regenerativo e, quando possível, local.

Além disso, o desperdício é eliminado através da melhor redistribuição e uso de coprodutos, e os alimentos saudáveis são produzidos sem a necessidade de práticas nocivas, defende.

“Os gastos com a saúde, causados pelo uso de químicos e pesticidas, diminuiriam em 465 mil milhões de euros por ano, e a resistência antimicrobiana, a poluição do ar, a contaminação da água e as doenças transmitidas por alimentos reduziriam significativamente”, consideram as fundações no relatório.

A emissão de gases de efeito estufa poderiam diminuir o equivalente a retirar permanentemente mil milhões de carros da estrada, aponta, considerando ainda que, no sistema circular, a degradação de 15 milhões de hectares de solo arável seria evitada e 450 biliões de litros de água doce seriam economizados anualmente.

A Fundação Ellen MacArthur foi criada em 2010 com o objetivo de acelerar a transição para a economia circular.

Segundo defende, a economia circular elimina o conceito de resíduo e constrói capital económico, natural e social através de três princípios: a reconstrução do capital natural, a manutenção dos produtos e materiais em uso, e a eliminação da poluição e dos resíduos.

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