Cultura

Prémio Pessoa 2012 para um estudioso do poeta, o “cidadão de Portugal” Richard Zenith

ricardo zenith“Altamente surpreendido”, Richard Zenith, o vencedor do Prémio Pessoa, admitiu “a sensação de ter ganho uma lotaria” quando soube da decisão. O prémio distingue um estudioso de Fernando Pessoa que, “por dedicação”, se tornou “cidadão de Portugal”, como realçou Pinto Balsemão.

Richard Zenith: natural dos EUA, investigador da obra de Fernando Pessoa, crítico literário, tradutor e Prémio Pessoa 2012. “Fiquei com a sensação de ter ganho uma lotaria”, confessou o distinguido, ao saber que o júri lhe tinha atribuído um dos mais prestigiados prémios de Portugal, no valor de 60 mil euros.

“Sabia que era candidato, mas há muitos candidatos. Fiquei com a sensação de ter ganho uma lotaria”, confessou o norte-americano que, radicado na Carrapateira há 25 anos, adquiriu a nacionalidade há cinco anos. Considerado o maior na obra de Fernando Pessoa, Zenith já decidiu o que fazer com os 60 mil anos: acelerar a biografia do poeta, que tem vindo a “escrever lentamente”.

“Trabalho com muito gosto neste projeto, mas é muito complicado escrever uma biografia sobre este sujeito porque não tem sangue, não tem paixão por fora, é tudo dentro da sua cabecinha. Este prémio ajuda a viabilizar o meu trabalho sobre a biografia, já que ninguém me está a pagar agora. Não tenho uma mensalidade para esse trabalho da escrita da biografia”, complementou o distinguido.

Disciplinado e metódico

Embora tenha nascido em Washington, Richard Zenith tornou-se “cidadão de Portugal por dedicação e louvor a uma obra, a de Fernando Pessoa, uma literatura, a nossa, e uma língua, a portuguesa”, como salientou o presidente do júri, Pinto Balsemão. O Prémio Pessoa é concedido a uma pessoa de nacionalidade portuguesa que protagonize uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país.

Ao elogiar o vencedor, Pinto Balsemão sublinhou que Zenith “tem posto o conhecimento acumulado ao longo de décadas ao serviço disciplinado e metódico de uma paixão”. Uma disciplina e um método que já lhe renderam outras consagrações, como as que envolveram os trabalhos de tradução de obras de Camões, Sophia de Mello Breyner e António Lobo Antunes.

“Penso também em muitas outras pessoas mais inteligentes talvez, mais talentosas… Bem, mas cada pessoa tem as suas virtudes, as suas qualidades. Para mim, nisso tudo há um merecimento, mas também uma dose de sorte”, concluiu o Prémio Pessoa 2012.

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